Quem é Delcir Sonda, o dono da DIS, empresa que investe nos craques Neymar e Ganso e em outros 70 jogadores de futebol.
A sede do Sonda Supermercados, na região da avenida Paulista, em São Paulo, foi palco de um acordo milionário celebrado na manhã da quinta-feira 20. Na mesa de negociações, no entanto, não estava nenhum assunto ligado aos negócios do varejista, uma rede gaúcha de 24 lojas e faturamento na ordem de R$ 2 bilhões. A pauta, na verdade, era a transferência do jogador de futebol paraense Paulo Henrique Lima, mais conhecido como Ganso, do Santos para o São Paulo. À frente do negócio, no valor de R$ 23,8 milhões, considerado a mais cara transação da história, entre clubes brasileiros, estava o dono do grupo, Delcir Sonda.
Desde que criou a DIS, um fundo de investimentos em jogadores de futebol, esse tipo de transação tem ocupado boa parte do dia a dia do empresário. Torcedor fanático do Internacional de Porto Alegre, Sonda resolveu investir no esporte em meados de 2007. “Foi uma forma que ele encontrou de participar do mundo do futebol’’, diz o apresentador e comentarista esportivo Milton Neves, da Rede Bandeirantes e amigo de Sonda. De acordo com Milton Neves, apenas uma paixão é maior do que o esporte em sua na vida: seus nove cachorros da raça maltês. A atuação como investidor esportivo mudou até sua rotina de trabalho no grupo varejista. “Ele contratou um executivo para presidir a empresa para poder se dedicar mais à DIS.”
A DIS possui participação nos direitos de 70 jogadores. Entre eles, Neymar e Ganso, considerados as duas maiores revelações do futebol brasileiro nos últimos anos. Polêmico, Sonda já entrou em atrito com vários clubes por causa de seu estilo agressivo de negociação. O caso de Ganso é emblemático. A transferência do jogador do Santos para o São Paulo foi praticamente uma novela, com duração de cerca de um mês. O clube do litoral paulista tentou de todas as formas evitar a negociação, cheia de reviravoltas. “Eles sempre vinham com novas exigências quando estávamos perto de um acordo”, afirmou Roberto Moreno, diretor-executivo e braço direito de Sonda na DIS, em entrevista recente.
No entanto, para concretizar sua estratégia, Sonda cedeu à maior parte das exigências santistas. Para viabilizar a venda de Ganso, a DIS investiu mais R$ 7,5 milhões no atleta, aumentando sua participação de 55% para 68%. Os 32% restantes ficaram com o São Paulo. “Foi uma saída para que a DIS pudesse manter o jogador em alta”, afirma José Carlos Brunoro, dono da Brunoro Sports. “Depois do desgaste com o Santos, continuar no time depreciaria seu passe.” Para Brunoro, no São Paulo, o jogador ficará em evidência, o que facilitará uma posterior negociação com um clube estrangeiro. O valor estipulado no contrato com o São Paulo, caso um clube do Exterior se interesse pelos direitos econômicos do jogador, supera os R$ 150 milhões.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro