O Carrefour está prestes a vender sua subsidiária na Indonésia por € 525 milhões. O negócio marca a quinta saída da empresa de um mercado externo sob o comando de Georges Plassat, o novo CEO da rede francesa, num momento em que o Carrefour reduz seu endividamento e reinveste em seus mercados principais na Europa, China e América do Sul.
A varejista, a segunda maior do mundo atrás apenas da americana Walmart, informou ontem que formalizou a venda de sua participação de 60% na subsidiária indonésia para sua sócia na joint-venture CT Corp, o conglomerado do setor bancário, de mídia e de varejo controlado pelo empresário indonésio Chairul Tanjung. A operação no país era a segunda em número de lojas do Carrefour na Ásia, depois da divisão da China.
Segundo os termos do acordo, a CT Corp, que hoje tem 40% de participação na empresa, assumirá o controle integral e o Carrefour se tornará uma franquia - semelhante ao negócio firmado pela rede francesa alguns meses atrás, ao deixar a Grécia.
A rede indonésia é a terceira maior do país, com 84 lojas, das quais 70 são hipermercados.
O preço de € 525 milhões pela participação do Carrefour engloba € 500 milhões em ações e € 25 milhões em caixa líquido, o que atribui a toda a companhia um valor de € 830 milhões. Segundo analistas do Banco Espírito Santo, a soma é 13% superior à estimada por eles, de € 732 milhões.
"Georges Plassat está cumprindo rapidamente sua estratégia de sair de divisões em que outros veem mais valor", disse Caroline Gulliver, do Espírito Santo, que estimou que o endividamento líquido do Carrefour cairá para cerca de € 6 bilhões em 2013, soma 30% menor que a dívida líquida do grupo em 2011, de € 9,2 bilhões.
A notícia pode ser um presságio de um acordo na Turquia, onde o Carrefour está em negociações com a Sabanci Holding, sua sócia minoritária, detentora de 38,8% da subsidiária turca, em relação aos 58,2% pertencentes ao Carrefour.
As operações polonesas do grupo também estão na berlinda. Oito varejistas detêm aproximadamente a mesma participação de mercado no país, o que põe a lucratividade sob pressão.
Desde que se tornou presidente do conselho de administração e CEO do Carrefour, em maio, Plassat vendeu as subsidiárias da Malásia, Colômbia e Grécia e desativou sua pequena divisão em Cingapura, levantando, até o momento, € 2,6 bilhões. Ao mesmo tempo, expandiu as operações do grupo na Argentina, onde é líder do mercado, por meio de aquisições.
As vendas são parte de um plano trienal de recuperação dos resultados, necessário para curar o que Plassat diagnosticou como uma "doença grave" que acomete a varejista, detentora de resultados inferiores à média do mercado.
Ele colocou no centro de sua estratégia a necessidade de defender os principais mercados do grupo na Europa, no Brasil e na China. Seus avanços estão sendo acompanhados de perto pela firma americana de "private equity" Colony Capital e pelo Groupe Arnault, do magnata do mercado de luxo Bernard Arnault, que detêm 16% do capital da empresa. Os acionistas ativistas estão amargando grandes prejuízos nos papéis, ao ter investido originalmente em 2007, quando os papéis do Carrefour eram negociados a aproximadamente € 50 por ação.
Veículo: Valor Econômico