Rede pretende inaugurar cerca de 60 unidades, duplicando número de lojas
A ascensão da classe C tem levado grandes varejistas a rever estratégias e garantir mais atenção ao formato de “atacarejo”, segmento no qual o Grupo Pão de Açúcar planeja investir mais de R$ 1 bilhão nos próximos três anos para dobrar seu tamanho. “Esse é o foco de crescimento do grupo no plano de expansão. Serão mais de R$ 1 bilhão em investimentos em três anos”, disse o diretor de autosserviço e presidente do Assaí — bandeira de atacarejo do Pão de Açúcar—, Belmiro Gomes.
Segundo ele, no mesmo prazo, a companhia espera inaugurar 60 unidades no mesmo formato, dobrando a quantidade de lojas existentes hoje. A participação do segmento nas vendas do grupo também deve quase dobrar, saindo dos atuais 8% para de 14% a 15% até 2015. Atualmente, o atacarejo responde por receita anual média de cerca de R$ 5 bilhões.
“O segmento vem tendo crescimento muito forte na última década, mas ganhou força nos últimos cinco anos, com a expansão das metrópoles e melhor localização (das lojas)”, assinalou Gomes.
Caracterizado por lojas menos sofisticadas e menor variedade de produtos em relação a um hipermercado, o atacarejo —denominação que se consolidou ao unir atacado e varejo em uma mesma loja—têm a seu favor, além de compras de maior volume com tíquete médio maior, a necessidade de investimento inferior ante um supermercado convencional. “Por metro quadrado, o investimento é 40% menor que de uma loja de varejo. Não tem açougue, padaria, peixaria”, explicou o executivo do Pão de Açúcar. Segundo ele, cada loja do Assaí demanda aporte de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões. Já a diferença de preço dos produtos comercializados em relação ao varejo convencional pode chegar a 15%, resultado de uma operação mais simples.
“Cada vez mais famílias têm buscado fazer compras de abastecimento mensal nesse segmento. A diferença de preço é tão relevante que vem atraindo consumidor não só da classe C”, ressaltou Gomes. “Embora o consumidor queira experimentar novidades, o preço ainda é determinante, por isso o atacarejo tem adquirido peso cada vez mais importante no setor supermercadista”, disse o presidente da associação brasileira de supermercados (Abras), Sussumu Honda, citando a “escolha do consumidor por preço, não por serviço”.
Com o objetivo principal de atender as necessidades de compra das classes C e D, o atacarejo encontrou potencial para avançar com mais força no Nordeste, que se tornou foco de expansão das grandes varejistas.
“As grandes redes estão acelerando a entrada nas regiões Centro- Oeste e Nordeste por meio desse modelo, se somando às redes regionais que se anteciparam e já desenvolveram o formato”, disse o presidente da Abras. Das 60 lojas programadas pelo Pão de Açúcar para os próximos três anos, de 23 a 26 unidades serão localizadas no Nordeste. ■
Veículo: Brasil Econômico