Herdeiro de Sendas quer parte do valor pago por Pão de Açúcar

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Uma disputa judicial pela herança do empresário Arthur Sendas pode respingar nos próximos dias no grupo Pão de Açúcar (GPA) e seu controlador, Casino. As bolsas de valores de São Paulo, Paris e Nova York serão notificadas sobre o caso para que os investidores saibam que a ação pode por nas mãos da Justiça parte do pagamento que o GPA faz à família Sendas pela venda da marca e aluguel das lojas.

Segundo o Valor apurou, a ação é movida por João Arthur Mello Sendas, neto de Arthur Sendas, fundador da rede de supermercados Sendas, morto em 2008. O pedido de notificação às bolsas foi feito pelo advogado Nilton Nunes.

João Arthur é o único herdeiro de João Antonio Sendas, um dos quatro filhos do fundador. João Antonio faleceu há 10 anos.

Desde que o avô morreu, há pouco mais de quatro anos, João Arthur tenta receber dos três tios - Nelson Antonio Sendas, Arthur Antonio Sendas Filho e Marcia Maria Sendas - parte do espólio e a pensão alimentar a que teria direito até o fim dos estudos. O processo corre na 6ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio, segundo uma fonte que acompanha o processo.

Arthur Sendas vendeu sua empresa ao Pão de Açúcar em duas etapas. Em 2003, o empresário Abilio Diniz, atual presidente do conselho de administração do GPA, adquiriu 60% das ações. Entre 2005 e 2011, a família Sendas entrou numa disputa judicial com Diniz. Entendia que poderia receber mais pelos 40% restantes, depois da entrada do Casino no capital do GPA. A batalha foi levada a uma câmara de arbitragem.

Em fevereiro de 2011, o Pão de Açúcar pagou R$ 377 milhões pelos 40% restantes. O valor foi dividido em sete parcelas, ao longo de seis anos. Duas parcelas, no valor de R$ 59 milhões e R$ 53 milhões, foram pagas em 2011.

A aquisição da marca Sendas não incluiu a propriedade das 55 lojas que a família Sendas possuía no Rio. Por isso, o GPA paga aluguéis pelo uso da lojas à família.

Uma fonte diz que o valor do aluguel, porém, não é dividido com João Arthur, que mora em Nova York e tem ajuda financeira dos avós maternos e de sua mãe, Carla Silveira Mello.

Quando João Antonio morreu, João Arthur tinha 13 anos. O avô, Arthur Sendas, assumiu as despesas do neto e passou a custear escola, motorista, segurança e viagens.

Quando João Arthur fez 18 anos, Arthur Sendas teria cortado parte dos pagamentos. Mas a Justiça determinou que o avô deveria manter as mesmas despesas até que o neto finalizasse seus estudos. O acordo judicial teria deixado de ser cumprido quando o avô morreu, diz a fonte.

Por alguns anos, João Arthur teria tentado negociar com os tios alguns pagamentos, mas estes não eram constantes. Com a ajuda dos avós maternos e a renda de dois imóveis que herdou do pai, um na Barra e outro no Leblon, João Arthur pagou a faculdade de Economia na Universidade de Nova York.

Segundo o Valor apurou, João Arthur também reclama que a família cortou o pagamento do aluguel do apartamento, em São Conrado, onde sua mãe vive e onde ele também morou. João Arthur não teria sido avisado de que o pagamento seria suspenso.

Com uma dívida acumulada de R$ 400 mil, João Arthur viu seu apartamento da Barra da Tijuca ser leiloado por decisão judicial em setembro de 2012. O bem que está avaliado em cerca de R$ 7,5 milhões, foi vendido por R$ 2,95 milhões. Sua mãe, Carla, tenta ainda reverter o leilão em outro processo judicial que corre 48ª Vara Cível. O avô materno, pai de Carla, hipotecou o apartamento onde vive para depositar em juízo o valor da dívida.

Cansado de tentar negociar, segundo a fonte, João Arthur resolveu então entrar com um processo judicial contra os tios porque até hoje não foi chamado a participar do espólio e não recebe parte da renda que sustenta o restante da família.

Os tios de João Arthur, procurados pelo Valor, não responderam. E o GPA, por meio da assessoria de imprensa, informou que ainda não foi notificado sobre o caso. João Arthur não respondeu as perguntas da reportagem.



Veículo: Valor Econômico





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