Os resultados positivos do Grupo Pão de Açúcar no quarto trimestre fizeram suas ações preferenciais atingirem a cotação recorde de R$ 99 no fim da manhã de ontem, uma alta de 2,75%. Os papéis encerraram o pregão com valorização de 1,5%, para R$ 97,80. Os números do balanço vieram acima das expectativas do mercado, segundo analistas.
Eles destacaram o aumento de 9,1% na receita líquida do quarto trimestre, para R$ 14,6 bilhões, em relação a igual período de 2011, e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado de R$ 1,3 bilhão, 33,5% maior. A margem Ebitda subiu 1,7 ponto, para 9,1%, diante do baixo crescimento das despesas com vendas.
O lucro líquido consolidado cresceu 36,5% de outubro a dezembro, para R$ 539 milhões (ver tabela). O grupo consolidado é composto por GPA Alimentar (supermercados) e Via Varejo - braço de eletroeletrônicos da companhia, que une as redes Ponto Frio e Casas Bahia. No ano, a maior varejista do país registrou lucro líquido de R$ 1,15 bilhão, uma alta de 60,6%, enquanto a receita líquida aumentou 9,3%, para R$ 50,9 bilhões.
Segundo a avaliação da Ativa Corretora, a companhia continua apresentando bons resultados no segmento alimentar, beneficiada por um melhor mix de vendas, com destaque para produtos de maior valor agregado, além das reduções de despesas operacionais da Via Varejo, que permitiram importante expansão do Ebitda.
O analista do Banco Espírito Santo (BES) Richard Cathcart, também ressaltou a queda de 2,4% nos custos operacionais da área de eletroeletrônicos. "Era uma promessa que os executivos tinham feito há dois anos, quando houve a fusão de Casa Bahia e Ponto Frio", afirmou. Ele observou também que o grupo registrou queda na margem bruta na operação da rede Assaí de 0,7%, mas deve recuperar no curto prazo com mix de produtos de preços mais baixos.
O presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, disse, em teleconferência com analistas, que a companhia conseguiu trabalhar sem ser afetada pelos desgastes entre os sócios da empresa. "Foi fundamental, num momento de transição e de desgastes dos acionistas de cima, que o time tenha ficado completamente alheio a isso e focado no trabalho", afirmou.
O varejista francês Casino - controlador do grupo - e Abilio (sócio minoritário) tiveram novos desentendimentos nas últimas semanas, com os planos do empresário brasileiro de ir para o conselho da companhia de alimentos BRF.
Abilio afirmou ainda que os resultados do Grupo Pão de Açúcar no ano passado foram "muito bons", mas que o ano não foi dos "mais fáceis". "Tivemos que lutar pelos consumidores para sermos melhores [para eles] e para sermos melhores do que os outros."
Segundo o empresário, o grupo "seguiu com sua vida e foi buscar margens e resultados". De acordo com ele, "isso dá muita satisfação".
Na análise do presidente do conselho, o ano de 2013 vai continuar a ser "muito bom" para a companhia. E se tiver "algum problema pequeno com crédito, isso vai ser compensando pelo maior emprego".
No ano passado, o grupo fez investimentos de R$ 1,57 bilhão, sendo que R$ 703 milhões foram aplicados em novas lojas e aquisição de terrenos, ou seja, na expansão orgânica da companhia.
Em relação a 2011, o investimento total de R$ 1,57 bilhão representa uma queda de 0,4%. E o montante de R$ 703 milhões equivale a um aumento de 186%.
Houve uma queda no volume desembolsado para reformas de lojas e conversões e em infraestrutura. No primeiro caso, a queda no valor investido foi de 34,5%. No caso de gastos com infraestrutura, a redução foi de 34,8% em 2012 na comparação com 2011.
A dívida financeira do grupo caiu 12,2% no quarto trimestre de 2012, para R$ 301 milhões.
Veículo: Valor Econômico