Abilio Diniz afirma que com a mudança companhia passou para as mãos do Pão de Açúcar
Pela primeira vez em uma divulgação de resultado da Viavarejo (formada pela união de Casas Bahia e Ponto Frio), um representante da família Klein não estava à frente do negócio. E Abilio Diniz, presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, não fez questão de disfarçar sua satisfação com a mudança. “Depois de muita insistência no ano passado — já tinha tempo que eu falava que tínhamos que tomar a Viavarejo —, a empresa passou para nossas mãos em novembro”, disse durante teleconferência com analistas.
Diniz, que comemorou o avanço de 210% no lucro líquido anual da Viavarejo agora em R$ 322 milhões (veja tabela), não poupou elogio ao novo comandante da companhia, Antonio Ramatis Rodrigues. “Poxa, que bom que aconteceu (a mudança de comando). Ramatis está fazendo um ótimo trabalho, buscando sinergias, fazendo a lição de casa. Ele vai trazer muita satisfação para os investidores, para os acionistas e para as pessoas que trabalham nela”, se gabou o empresário, que no ano passado, travou um luta por poder com a família Klein.
Ramatis sabe dos desafios que tem pela frente. “O ano passado foi importante no processo de consolidação, onde focamos em processos e gente”, afirma o executivo que assumiu o comandoem novembro, mas que participava há dois anos como conselheiro da empresa. Porém, o executivo se contradiz na hora de dizer o futuro da Viavarejo. Se de um lado Ramatis afirma que “a ideia não é mudar a cultura da companhia”, uma vez que os desafios continuam os mesmo dos últimos 60 anos.
Do outro, destaca que tem a intenção de “unificar a cultura da Viavarejo.” Logo, dar um banho de Pão de Açúcar no universo de Samuel Klein—fundador da empresa. De acordo com o executivo, o grupo estava formado por três culturas diferentes — aqui incluída a confusa gestão do Ponto Frio —, e que a partir de agora é “preciso ter o mesmo entendimento do valor da cultura”, baseada nas premissas do Grupo Pão de Açúcar.
Já os Klein, segundo informou um executivo da empresa, estão dispostos a brigar por uma posição melhor dentro do conselho administrativo da companhia. “Eles continuam conversando sobre novas posições”, afirmou. Aqui, lê-se “uma presença mais efetiva em posições de aconselhamento”, disse outro executivo da companhia. “Por exemplo, se for criado um comitê de finanças, eles querem estar à frente.” Quanto as questões societárias, as pressões da família Klein arrefeceram. Apesar das ameaças públicas, a família Klein nunca entrou com o pedido de arbitragem para rever o acordo de acionista.
Segundo o novo presidente da Viavarejo, atualmente os Klein participam apenas como conselheiros da companhia, atuando, como frisou Ramatis, apenas dentro do papel que cabe a um conselheiro. Em 2012, ainda sob o comando de Raphael Klein, a Viavarejo inaugurou 33 lojas com ênfase na bandeira Casa Bahia para as regiões Norte e Nordeste. Os avanços em sinergias logísticas foram poucos, uma vez que o Cade — Conselho Administrativo de Defesa Econômica —, ainda não aprovou a fusão entre Casas Bahia e Ponto Frio. “Esperamos que nas próximas sessões esta questão seja resolvida”, disse o presidente da Viavarejo.
Enquanto os Klein lutam para ter um espaço maior na companhia, Ramatis tem se empenhando para estar mais próximo da equipe. Os números da Viavarejo mostram que houve um aumento de 6% no fluxo de clientes. “Tenho feito encontro com gerentes e alguns funcionários para falar dos desafios. Para inspirá-los.” Tarefa difícil para quem tem como concorrente Samuel Klein, cultuado pelos funcionários da Casas Bahia.
Veículo: Brasil Econômico