Nome do empresário foi aprovado pela maioria do conselho de administração; Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ, será o vice
O empresário Abilio Diniz foi indicado ontem para presidir o conselho de administração da BRF, empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão. Como vice-presidente, foi apontado Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ. A chapa terá de passar agora por aprovação dos acionistas em assembleia em abril.
O nome de Abilio foi sugerido ontem pelos fundos Previ e Tarpon em reunião extraordinária na empresa, como antecipou o Estado. Abilio foi aprovado por maioria, com 8 votos a favor e 2 contra. O fundo Petros e Décio da Silva, dono da WEG e um dos maiores acionistas individuais da empresa, votaram contra.
O novo conselho da BRF terá 11 representantes - um a mais que os 10 atuais. A Petros, que hoje é a maior acionista da empresa com 12,75%, ganhou mais uma cadeira e agora tem dois representantes, assim como a Previ, que tem 12,19% das ações da BRF, e a Tarpon, com 8%.
A diretoria da Petros soltou ontem à noite uma nota explicando seu voto contra a indicação de Abilio. Para a fundação, a decisão de quem presidirá o conselho foi precipitada. "Essa definição precisa ser amadurecida, considerando fatos que ainda necessitam ser melhor compreendidos, sobretudo os que envolvem potenciais conflitos de interesse", diz a nota.
Conforme apurou a reportagem, a grande preocupação da Petros é o fato de Abilio também ocupar a presidência do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar (GPA), um dos principais clientes da BRF.
Para a Previ, porém, a alegação de conflito de interesse foi levantada para tumultuar o processo. A visão do fundo dos funcionários do Banco do Brasil é que Abilio é um "ilustre minoritário", não tem mais o controle do Pão de Açúcar e, portanto, "não exerce qualquer influência na relação entre BRF e GPA".
O francês Casino, sócio de Abilio no GPA, já manifestou oficialmente, duas vezes, que queria a renúncia do empresário, caso assumisse o cargo na BRF. Segundo fontes, o Casino tem agora duas alternativas: pedir o afastamento de Abilio por meio de liminar ou convocar uma assembleia de acionistas para destituí-lo.
Com a chegada de Abilio à BRF, o fundo privado Tarpon ganha poder. Com o apoio da Previ, o Tarpon vinha reclamando que a BRF precisava de mais "agressividade" na gestão e que poderia se transformar "na Ambev dos alimentos". Em entrevista ao Estado, o atual presidente do conselho, Nildemar Secches frisou que a empresa deu um retorno anual de 25% desde 1995.
Abilio vem adquirindo ações da BRF desde o fim do ano passado. Conforme pessoas próximas, ele tem hoje 2% a 3% de participação na empresa. Em nota, Abilio disse sentir-se " honrado" com sua indicação.
Gestão. O atual presidente da BRF, José Antonio Fay, continua no cargo. A transição será preparada aos poucos, porque Fay se aposentará compulsoriamente daqui a dois anos, quando completa 60 anos. Abilio já vem sondando executivos do setor de alimentos para o "projeto BRF".
A BRF vem preparando uma mudança na estrutura, com a criação de uma presidência global e cargos regionais. Se o plano for adiante, Fay ocuparia o comando mundial, e Abilio indicaria um presidente para a operação brasileira e posterior sucessão de Fay.
Veículo: O Estado de S.Paulo