Na tentativa de criar uma organização mais enxuta e eficiente, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) anunciou ontem uma nova estrutura de cargos na empresa, que afetou a operação de varejo alimentar e Via Varejo (Ponto Frio e Casas Bahia). A informação foi antecipada ontem pelo Valor Pro, serviço de informações em tempo real do Valor. Controlada pelo sócio francês Casino, a empresa demitiu treze executivos, entre diretores e gerentes, e outros empregados foram promovidos e acumularam funções.
Das treze demissões, oito foram no Grupo Pão de Açúcar (que inclui supermercados, hipermercados e lojas de atacado) e cinco em Via Varejo, rede de varejo eletroeletrônico em que a família Klein é sócia.
Os funcionários desligados, da área operacional e do marketing, não eram indicações dos controladores, Abilio Diniz e Casino. A empresa reforçou ontem que não se tratam de reduções de pessoal com foco em cortes de despesas - a relação entre despesas operacionais e vendas líquidas no grupo caiu de 21,1% em 2011 para 20% em 2012. A empresa cresce mais e consegue gastar menos. A redução de gastos, portanto, será consequência da reorganização, mas a ideia central é tornar mais rápida e certeira a tomada de decisões dentro da empresa - um megagrupo considerado hoje a maior rede varejista da América Latina, com R$ 50,7 bilhões em receita em 2012.
Foi dada, por exemplo, mais autonomia a alguns funcionários ligados ao dia a dia da operação, para que decisões sejam tomadas mais rapidamente. O Valor apurou que gerentes que tinham suas funções duplicadas - porque dividiam a responsabilidade do cargo com outro funcionário - foram demitidos, restando apenas um na função. Dessa forma, um único gerente fica responsável pelo departamento e a tomada de decisão fica centralizada. O presidente da GPA, Enéas Pestana, disse ontem, em nota, que as mudanças têm o objetivo de favorecer o crescimento sustentável da companhia.
O Valor apurou que empregados ganharam novas funções, acumulando tarefas que pertenciam a outro empregado - isso porque, na visão da empresa, a função poderia ser concentrada em uma só pessoa por serem posições correlatas.
Entre as mudanças anunciadas (a serem deliberadas em reunião do conselho), está a indicação de Daniela Sabbag para diretoria de relações com investidores no lugar de Vitor Fagá, atual diretor de RI e diretor executivo de relações corporativas. Fagá foi indicado para a diretoria executiva financeira e de relações com investidores da Via Varejo, em substituição a Claudia Elisa Soares, que deixou a empresa. Fagá é avaliado como um executivo com perfil técnico, algo importante no momento de ajustes na Via Varejo.
Além disso, o executivo Ney Santos (atual diretor executivo de TI) foi promovido para a vice presidência de tecnologia da informação e logística da Via Varejo. Jorge Herzog (diretor vice presidente) foi promovido para a vice-presidência de operações da empresa.
Este não é exatamente um movimento novo na GPA. Uma reorganização na diretoria executiva foi feita em agosto de 2012- Caio Mattar, Hugo Bethlem e Sylvia Leão deixaram a empresa - e com espaço de dois a três anos, a empresa revê suas estruturas e faz mudanças. Enéas Pestana, há três anos presidente da companhia, entendeu que caberia uma nova avaliação das funções dentro do ideal de "simplificação" e "empowerment" (dar poder a quem pode decidir), aspectos que ganharam corpo dentro do grupo desde a última grande reestruturação feita em 2007, liderada pelo então presidente, Claudio Galeazzi.
Veículo: Valor Econômico