Especialistas divergem sobre possível prejuízo à concorrência com união das redes Ponto Frio, Casas Bahia e Pão de Açúcar
Após cerca de quatro anos, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem a compra das redes Casas Bahia e Ponto Frio pelo Grupo Pão de Açúcar. Apesar de ter sido uma decisão unânime, a fusão foi aprovada com restrições. A companhia, que desde junho de 2012 é controlada pelo grupo Casino, vai ter de abrir mão de 74 lojas, em 54 cidades, sendo 25 no estado de São Paulo, o equivalente a 3%da receita bruta consolidada da Viavarejo— que reúne Casas Bahia, Ponto Frio e Nova Pontocom e tem atualmente 969 pontos de venda —, em 2012, algo em torno de R$ 900 milhões.
Segundo o relator do caso, Marcos Paulo Veríssimo, o Cade verificou problemas concorrenciais nestas cidades, pois as concentrações se aproximam ou superam os 60%. As lojas têm de ser vendidas a concorrentes “que efetivamente rivalizem com o grupo, inclusive regionalmente”. Entretanto, especialistas ouvidos pelo Brasil Econômico divergem sobre uma possível concentração no setor de varejo com a fusão.
Para Nuno Fouto, coordenador de pesquisas do Provar (Programa de Administração de Varejo) da FIA (Fundação Instituto de Administração), a concentração não será prejudicial ao consumidor. “A concorrência neste setor é muito grande, com a internet ela fica maior ainda. Não concordo que seja necessário a rede se desfazer de lojas, não acho que haja capacidade de coordenar os preços do mercado”, defende. Fouto completa que o desafio para a companhia será administrar seu tamanho. “Não é por ser grande que a lucratividade será boa”.
Mauro Rochlin, economista do Ibmec-RJ, por outro lado, acredita que a fusão afeta sim o ambiente concorrencial. “Ela ganha mais poder de mercado, e consequentemente, mais condições de marcar preços. É o consumidor que perde com esta concentração”, explica.
Outra fonte, que preferiu não se identificar, diz que a grande preocupação do grupo é a rede Walmart, que está a pouco tempo no Brasil, mas tem forte presença em outros países. “O Walmart já é o terceiro maior em faturamento e tem grandes chances de ser o primeiro nos próximos dez anos”, destaca, acrescentando que a manutenção de um grupo nacional como líder é importante para o país.
Investimentos em 2013
Ontem, os acionistas do grupo Pão de Açúcar aprovaram plano que prevê R$ 2,02 bilhões de investimentos neste ano. Em 2012, a rede varejista desembolsou R$ 1,58 bilhão. A companhia já havia informado que planeja inaugurar cerca de 150 lojas este ano, com foco nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Os acionistas aprovaram ainda distribuição de R$ 166 milhões em dividendos.
veículo: Brasil Econômico