A Coop Cooperativa de Consumo, com atuação no ABC paulista e cidades localizadas num raio de 200 quilômetros de distância, precisa se expandir numa área de grande aglomeração urbana. Fundada na década de 50, quando os terrenos eram fartos e baratos, a rede, agora com faturamento de R$ 1,77 bilhão e 28 lojas, está desafiada a crescer pelas brechas. Sua estratégia para este ano inclui a abertura de pequenas drogarias, postos de combustível e a entrada no comércio virtual.
Neste ano, a rede de supermercado vai investir R$ 40,6 milhões, com recursos próprios, em formatos menores, como é o caso das duas drograrias inauguradas em São Bernardo do Campo em março. "Uma loja de autosserviço consome de 10 a 20 vezes mais investimento e espaço do que uma drograria independente [não acoplada a um supermercado da Coop]. Isso inibe o negócio", diz o presidente da diretoria da Coop Marcio Valle, que acaba de ser eleito para uma gestão de quatro anos, mas desde 2001 era vice-presidente. Lojas de autosserviço variam de 1,2 mil a 4,7 mil metros quadrados. Uma drogaria externa, 170 metros quadrados e um posto de gasolina, cerca de três vezes este tamanho.
Lojas no interior do Estado de São Paulo são uma alternativa ainda viável. A cooperativa prevê inaugurar uma nova unidade em Sorocaba no segundo semestre, mas o contrato de locação do terreno ainda não foi assinado.
No mês passado, a Coop estreou no comércio eletrônico. O site (www.coopemcasa.com.br) começou a operar com uma oferta de 600 itens da categoria de eletroeletrônicos. "Procuramos fazer uma operação ajustada e identificar as necessidades reais de crescimento", diz Valle. Mais adiante, o site incluirá itens como medicamentos, alimentos e artigos de higiene e limpeza.
"Esta estratégia [de crescimento orgânico com lojas menores] é reflexo da falta de terrenos, mas demonstra vitalidade para crescer", diz o consultor especializado em varejo da Mixxer, Eugenio Foganholo. Desta forma, ocorre a venda cruzada e o fluxo do supermercado é remetido à drogaria e ao posto. Segundo Foganholo, os principais concorrentes da Coop são hipermercados como Walmart e lojas de vizinhança como as da rede Sonda. A Coop, na visão do consultor, tem a tradição da marca, e a sua farmácia, por gerar compras recorrentes, é instrumento para manter a clientela.
A cooperativa, fundada em 1954, era, na origem vinculada aos funcionários da Rhodia. Em 1976 deixou a exclusividade permitindo o ingresso de qualquer consumidor. Hoje totalizam 1,6 milhão de associados, sendo permitido aos não associados comprar na rede, embora sem benefícios (como descontos, por exemplo).
A percepção de que havia necessidade de crescer, associada à dificuldade de expansão física, fez a cooperativa buscar alternativas já no ano passado. Apostou em postos de combustível - internos ou dentro do próprio estacionamento da loja - em São José dos Campos e Tatuí. Em maio inaugura a terceira unidade em São Bernardo do Campo.
Apesar dos investimentos que sinalizam perspectiva otimista, a Coop teve um superávit (ou sobra, no jargão do setor) 15,2% menor do que o de 2011, atingindo R$ 13,78 milhões. No mesmo período, o crescimento real do faturamento foi de 1,1% (deflacionado pelo IPS, índice de preços dos supermercados da APAS). O crescimento nominal do faturamento, comparando as lojas abertas há pelo menos um ano, foi de 6,5% para R$ 1,779 bilhão.
Entre as razões para a queda de lucratividade estão, segundo Valle, os gastos maiores com mão de obra e serviços. A distribuição aos cooperados aumentou 7,7% para R$ 8 milhões, enquanto e retenção das reservas caiu 62,4% para R$ 2 milhões.
O presidente da Coop, 14ª rede no ranking da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), avalia que o cenário macroeconômico ainda é positivo, mas ele se preocupa com a inflação. "O varejo e o consumo continuam fortes com pleno emprego e programas de transferência de renda. A única dificuldade, a médio prazo, é a inflação que pode corroer um pouco o poder de compra", diz Valle.
Veículo: Valor Econômico