O Walmart, terceiro maior grupo supermercadista do país, vai fechar de 20 a 25 lojas "com baixo desempenho" até o fim deste ano. Segundo comunicado da varejista, as unidades serão principalmente de pequeno e médio porte. A companhia não informa quais bandeiras serão atingidas pelo corte, mas considerando o tamanho descrito, é provável que pontos da rede de atacado Maxxi (lojas médias) e de supermercados de bairro TodoDia (que são pequenas) estejam nesse grupo. A empresa tem 560 unidades em operação no Brasil, de nove marcas diferentes.
"Como parte do processo de melhoria da performance da empresa no Brasil, o Walmart está focando na construção de uma base sólida para o futuro, tornando o negócio mais eficiente para continuar a investir e a crescer no país", informou a filial, que está sob novo comando desde o fim de agosto. Guilherme Loureiro (ex-Unilever) assumiu a presidência no lugar de Marcos Samaha, que deixou a rede.
No comunicado divulgado ontem, a subsidiária informa que serão abertas 22 lojas e reformadas mais de 40 no Brasil até dezembro, o que corresponde a um investimento de cerca de R$ 1 bilhão.
A nota foi divulgada após Doug McMillon, presidente internacional da rede, anunciar, durante a 20ª reunião anual da companhia com analistas nos Estados Unidos, que 50 lojas serão fechadas no Brasil e na China. Segundo ele, essa medida terá um impacto positivo no lucro operacional da companhia no ano fiscal de 2015 (que se inicia em fevereiro do ano que vem), de 0,2 ponto percentual no Brasil e de 0,3 ponto na China. No trimestre fiscal encerrado em julho, a varejista teve prejuízo operacional no mercado brasileiro.
O impacto negativo do fechamento das lojas no Brasil e na China sobre as vendas pode ficar entre 2% e 3%, segundo McMillon. O efeito deve ser verificado principalmente no quarto trimestre, mas pode respingar no primeiro trimestre do próximo ano.
McMillon acrescentou que o Walmart International - que reúne as operações fora dos Estados Unidos - precisa melhorar o retorno que obtém sobre os investimentos. "Nosso objetivo é ser 'o melhor da classe' em todos os mercados", afirmou. E citou Brasil, China e Japão como países que mais precisam melhorar. Segundo ele, a companhia já alcançou a meta no México e no Canadá.
O presidente da divisão internacional também observou, no evento de ontem, que a rede fez ajustes operacionais positivos no Brasil, mas que ainda há trabalho a fazer. As redes Maxxi e o clube de compras Sam's Club ainda não têm o desempenho esperado, e a estrutura de custos do grupo no país é muito alta, segundo o executivo.
Apesar disso, o Brasil foi incluído no rol de países onde o grupo ganhou participação de mercado no primeiro semestre e teve o desempenho destacado por Enrique Ostale, presidente do Walmart para a América Latina. "Estamos satisfeitos com a nossa performance nas áreas de alimentos e produtos de higiene e limpeza e estamos focando na melhoria do desempenho das áreas de não alimentos e atacado, que tiveram resultados promissores das últimas semanas", disse Ostale, na conferência.
O Walmart anunciou ontem que projeta aumentar suas vendas globais de 3% a 5% no próximo ano fiscal, que se inicia em fevereiro de 2014, o que representa um incremento de até US$ 24 bilhões. A varejista também divulgou um investimento de US$ 11,8 bilhões a US$ 12,8 bilhões para o próximo ano. Fora dos Estados Unidos, o montante foi reduzido em US$ 500 milhões, para uma faixa entre US$ 4 bilhões a US$ 4,5 bilhões, devido a um menor número de abertura de lojas.
Segundo o CEO mundial, Michael Duke, as prioridades do grupo para o próximo ano são retomar o crescimento das vendas nos Estados Unidos, melhorar os retornos internacionais e a alavancagem operacional. "Não importa o ambiente que tivermos em um ano ou em cinco anos, nós venceremos. E não estaremos satisfeitos até que isso aconteça", afirmou.
Veículo: Valor Econômico