Os controladores da varejista on-line Comprafacil, do grupo brasileiro Hermes, voltaram a procurar interessados na empresa para a sua venda. As empresas Nova Pontocom, Walmart.com e B2W já analisaram o negócio nas últimas semanas, mas as duas últimas já teriam desistido das negociações, apurou o Valor. O Magazine Luiza também teria sido sondado pelos vendedores. Em 2012, surgiram as primeiras informações sobre a venda da companhia, mas o comando negou o interesse e informou que naquele momento não iria se desfazer da varejista.
A Hermes, comandada pela família Bach (de origem alemã), é uma empresa criada a partir do negócio de venda por catálogo, sem relação com o grupo francês de mesmo nome. Atualmente, a empresa quer vender o centro de distribuição, no Rio de Janeiro, um dos maiores do país para o varejo on-line, com cerca de 170 mil metros quadrados, além dos estoques. Há cerca de três semanas, segundo fontes que estiveram em contato com a empresa, as negociações envolviam a compra dos estoques por cerca de R$ 20 milhões e o centro de distribuição por uma faixa entre R$ 130 milhões e R$ 150 milhões.
Com os recursos, a empresa planeja quitar suas dívidas, que estariam em cerca de R$ 200 milhões. Ainda teria que ser feito um pequeno aporte de capital para quitação total dos débitos. A venda não deve incluir essas dívidas. O Valor apurou que a família controladora do Comprafacil não quer fazer novos investimentos de peso no negócio on-line - área que requer aportes constantes até atingir o lucro - por isso decidiu se desfazer do site, criado em 2003.
Os interessados avaliaram uma carteira com cerca de 1 milhão de usuários e vendas que atingiram cerca de R$ 1,7 bilhão em 2011. Fonte que teve acesso aos dados da empresa conta que uma recente queda no ritmo de vendas da companhia em 2013 teria desestimulado interessados no negócio. Os atrativos maiores passararam a ser, portanto, o centro de distribuição e a carteira de clientes.
Também atrai algum interesse de varejistas o contrato de venda de produtos da Brahma para bares e restaurantes por meio do site, acessado pela página "Parceiro Ambev". O acordo atrai tráfego e valores mais altos de venda para o Comprafacil. Consultada , a empresa afirmou que não comentaria as informações sobre a venda do site, assim como não se pronunciou a respeito do valor das dívidas.
No ano passado, o Valor informou que a empresa procurava compradores, mas as conversas não evoluíram e a companhia decidiu voltar a focar as atenções no plano de crescimento do negócio. "Nós nunca tivemos o projeto de vender. O fato é que o Comprafacil é a única das grandes do setor que só tem operação on-line, sem negócio off-line [loja física], sendo que o varejo eletrônico cresce bem mais que o tradicional", afirmou, em entrevistada no ano passado, Gustavo Bach, presidente da empresa e filho de Claudia Bach, empresária à frente do grupo Hermes. "O que acontece é que podemos, no futuro, daqui dois, três anos, reavaliar isso [ideia de não vender o negócio]", disse o executivo ao Valor em agosto de 2012.
Veículo: Valor Econômico