Principal motivo são as peculiaridades que uma operação de comércio eletrônico para este segmento pode ter
Que o e-commerce é uma tendência mundial e várias marcas estão apostando na internet como um canal de vendas não é nenhuma novidade. Mas se tem uma atividade que está resistindo a entrar nesse canal de vendas é o de supermercados. Ainda são poucos os que oferecem essa ferramenta para seus consumidores e o motivo pode estar nas peculiaridades que uma operação de comércio eletrônico de supermercados pode ter.
A Marlin, empresa com sede no Rio de Janeiro que atua na área de planejamento digital, design, desenvolvimento e marketing, foi responsável pelo desenvolvimento da operação de comércio eletrônico do supermercado Zona Sul, instalado na capital carioca, ainda na década de 90, quando a internet era novidade no Brasil. Pioneira no assunto, ela também foi responsável por colocar no ar, em agosto deste ano, o site "Super Nosso em Casa", da rede mineira Super Nosso.
O diretor da Marlin, Meyer Nigri, destaca que uma operação de comércio eletrônico de supermercado deve oferecer, principalmente, conveniência. "Quem faz a lista de supermercados pela internet quer evitar o transtorno de ir até a loja física, selecionar os produtos, passar pelo check out, embalar e levar para casa. Então, ela está buscando conforto", afirma.
Ele diz ainda que o comércio eletrônico de supermercados tem a característica de compras em grande volume. Por isso, o usuário tem que conseguir navegar no site de forma que possa escolher dezenas de produtos de forma rápida. "A usabilidade deve ser projetada pensando nisso", observa Nigri.
Mas ele ressalta que o site é apenas uma parte da operação de comércio eletrônico de um supermercado. "Muitas empresas acham que basta fazer um site e pronto, mas existe toda uma questão logística da operação do comércio eletrônico que envolve a escolha das mercadorias, a forma como elas serão embaladas e a entrega dos produtos na casa do consumidor", diz.
Logística - Um ponto que a empresa precisa definir, segundo Nigri, é de onde sairão as mercadorias que serão comercializadas pela internet. "Será uma loja para atender somente a essas vendas ou a empresa vai utilizar uma loja física que irá compartilhar com o e-commerce?", afirma. O mais importante, ainda de acordo com ele, é treinar bem os funcionários.
"O internauta é extremamente exigente. Se ele compra um quilo de carne ele quer receber um produto da melhor qualidade e muito bem apresentado. Se comprar uma fruta, ela não pode chegar até a casa dele amassada. Se for uma verdura, não pode estar com as pontas queimadas e assim por diante", destaca.
Para Nigri, o comércio eletrônico é uma tendência sem retorno dentro do setor supermercadista. Ele afirma que o e-commerce complementa a operação da loja física. "Não existe uma competição entre elas e o comércio on-line ainda tem um tíquete médio mais alto, já que as pessoas tendem a comprar mais devido a taxa de entrega e ainda aproveitam para comprar itens mais pesados, que são difíceis de carregar até em casa", diz.
Super Nosso - O site Super Nosso em Casa entrou no ar em agosto e, desde então, vem superando as expectativas da empresa. A diretora de Marketing da rede, Rafaela Nejm, afirma que, inicialmente, a meta era 30 entregas por dia. Hoje, a empresa já está realizando cerca de 50. A capacidade inicial é de 60 pedidos diários. Ela informa que, para entrar no e-commerce, a empresa passou por todo um processo que levou mais de dois anos.
"Houve um envolvimento de toda a empresa que quis lançar um projeto de sucesso para efetivamente levar uma solução para os nossos clientes. Nós sabemos que se a entrega não chegar até ele da forma que ele planejou nós vamos entregar um problema e não uma solução, por isso tivemos muito cuidado ao selecionar a equipe responsável para atuar na separação, embalagem e distribuição dos produtos", diz.
De acordo com ela, foram selecionados os colaboradores das lojas físicas que mais se mostraram atentos a detalhes durante seu tempo de trabalho no Super Nosso. Os profissionais já tinham realizado um treinamento chamado internamente de Golden, que oferece formação em vários aspectos, e ainda passaram por mais um etapa voltada para a conscientização deles quanto a importância do trabalho que estão realizando. " a nossa equipe que vai ficar atenta a validade dos produtos e qualidade deles para mandar para a casa do cliente, então eles precisam entender isso", afirma.
Veículo: Diário do Comércio - MG