Álvaro Furtado é presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga)
Há 45 anos, o dia 12 de Novembro foi instituído como uma homenagem nacional aos supermercados, por meio da lei 7.208 de 1968, que definiu e regulamentou a atividade supermercadista no País. Não que precisemos da agenda para lembrar que eles existem. Basta refletir sobre a nossa própria rotina diária, em que muitas vezes nos socorremos nesses equipamentos do varejo, de domingo a domingo e em alguns casos 24 horas por dia, daquele ingrediente sofisticado da receita, do item de primeira necessidade e até do presente de última hora. Hoje em dia, incluam-se nesta lista eletrodomésticos, eletroeletrônicos, artigos de informática e uma infinidade de outros itens. Como não precisamos mais estocar produtos em casa para o mês inteiro, hábito deixado para trás com o fim da inflação galopante na década de 80, as idas ao supermercado tornaram-se mais frequentes entre as famílias. Estas, por sinal, também se modificaram: estão menores e a mulher ocupa hoje uma posição de destaque no mercado de trabalho, que influenciou também na mudança de hábitos de consumo. Tanto que grande parcela da população prefere os finais de semana e até os feriados para fazer compras, tempo livre que resulta da rotina de trabalho pesada de segunda a sexta-feira. O domingo, por exemplo, já é considerado o terceiro melhor dia para o comércio. Apesar disso, ainda resistem vozes no sentido de fechar as lojas nesses dias. Mas isso é assunto para outro artigo. Os supermercados são o último elo da cadeia entre os produtos e os consumidores finais e colaboram com destaque para o crescimento econômico do País na geração de emprego e renda. O dinamismo do setor exige conhecer melhor o seu cliente, buscar a qualidade no atendimento e desenvolver novas tecnologias, o que reflete também nos fornecedores.
Para a nossa sorte, eles estão em todos os lugares, suprindo a população em suas necessidades, desde os itens mais essenciais, como alimentos perecíveis, até os considerados supérfluos. Sem contar a infinidade de serviços oferecidos no mesmo espaço em algumas lojas, que proporcionam ao cliente fazer quase tudo em um só lugar.
As empresas, para continuarem existindo e sendo competitivas, necessitaram adaptar-se ao ambiente e tê-lo como referencial para balizar suas atitudes. A evolução do varejo bate, literalmente, às nossas portas. Graças ao aprimoramento do setor nesses últimos 60 anos, toda essa comodidade tornou-se possível para consumidores das regiões mais distantes do País.
Os primeiros supermercados brasileiros datam da década de 1950, inspirados nos modelos norte-americanos, dos anos 30. Enquanto na época os Estados Unidos lutavam para sair da crise de 1929, que prejudicou a indústria, o comércio e os bancos, o Brasil estava em franco crescimento econômico.
Só para relembrar, por aqui, nos primórdios, as compras eram feitas em pequenas mercearias e armazéns. O cliente entregava sua lista no balcão e os próprios funcionários pesavam e empacotavam os itens. Os supermercados foram quebrando lentamente todos os paradigmas, com lojas em áreas de maior densidade demográfica, instalações bem iluminadas e organizadas, ampla área de vendas, o sistema self-service, em que cada um se servia dos produtos, e os caixas, ou check-outs, onde os produtos eram cobrados e empacotados.
Outra inovação para a época foi um espaço nas lojas para estacionamento. Na década de 60, a frota nacional somava cerca de 500 mil veículos, algo em torno de 0,6% da frota atual, estimada em 80 milhões de veículos. Não demorou para que os supermercados se tornassem também opção de lazer para a população de alto poder aquisitivo.
Na década de 70, foi a vez dos hipermercados multiplicarem por dez o tamanho e o mix de produtos dos supermercados, com lojas gigantescas e uma variedade de itens idem. Nos anos 80, o varejo sofreu com crises externas e a redução do crescimento econômico nacional. Só a partir da década de 90, com a estabilização da economia e a própria abertura do mercado para os produtos importados (de insumos a equipamentos), o varejo, assim como a indústria, voltou a se desenvolver e crescer até chegar ao que vemos hoje.
O fato é que o comércio varejista, sobretudo o de produtos alimentícios, por suas especificidades, é um setor da economia que possui uma ligação muito forte com a sociedade. Entendemos que, enquanto houver quem queira comprar, o comércio deve estar disponível para vender. Trata-se de um compromisso de servir a população que se renova todos os dias, especialmente hoje.
Veículo: DCI