A Via Varejo, formada da união de Casas Bahia e Ponto Frio, fechou ontem a sua oferta de ações vendendo os papéis a R$ 23, com desconto de 10% em relação ao valor do piso (R$ 25,60) inicialmente pretendido pelos vendedores. A operação é 100% secundária, ou seja, os recursos foram para o bolso dos acionistas vendedores, e não haverá ingresso no caixa da companhia. Os vendedores foram a família Klein e o Grupo Pão de Açúcar.
Foi registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a venda de 123,7 milhões de units, incluindo a oferta inicial e o lote suplementar de 15%, utilizado pelos bancos coordenadores para estabilizar a operação. Não houve demanda pelo lote adicional de 20%. No total, a oferta alcança R$ 2,845 bilhões.
Com base no teto da faixa de preço inicialmente sugerida, a oferta, incluindo lotes extras, poderia atingir até R$ 4,879 bilhões. Com a redução dos preços, a soma de R$ 2,845 bilhões equivaleu a 58% do potencial da operação.
Desde a quarta-feira, o mercado pressionava por uma redução dos preços inicialmente pretendidos, conforme apurou o Valor. Até poucas horas antes do fechamento do livro da oferta, ontem, os acionistas vendedores relutavam em se desfazer dos papéis por um preço menor do que a faixa sugerida, que variava entre R$ 25,60 e R$ 33,60.
Até a manhã de ontem, sem mudar os preços, a demanda pelos papéis só era suficiente para cobrir 80% da oferta. Com a redução, novos investidores aderiram.
Os bancos coordenadores sugerem a medida, inclusive, para melhorar a qualidade da base acionária da empresa. Conforme as informações do prospecto, com a venda dos lotes extras, a quantidade de ações em circulação no mercado da Via Varejo sobe dos atuais 0,6% do capital para 29,3%. O Grupo Pão de Açúcar fica com 43,3% e o restante dividido em diversos veículos da família Klein. Segundo o prospecto da oferta, a família Klein tem participação maior na operação, colocando volumes maiores de units à venda.
A análise é que o mercado teria visto a operação com cautela pelas características da oferta. Não haverá injeção de recursos na companhia, pois o GPA decidiu não fazer oferta primária (grupo considerou que não precisa de recursos para investimento). E a empresa ingressará no Nível 2 de governança corporativa, e não no Novo Mercado.
Apesar disso, pesa favoravelmente o fato de a empresa ter uma operação mais ajustada hoje do que no passado, com melhora nos últimos resultados. A própria razão da oferta acaba sendo um estímulo: a possibilidade de saída definitiva dos Klein da Via Varejo. A oferta seria a primeira porta de saída dos fundadores da Casas Bahia, com quem o GPA já teve discordâncias no passado.
O início das negociações dos papéis da BMF&Bovespa acontece na segunda-feira.
Veículo: Valor Econômico