Supermercadista vai investir R$ 1,6 bilhão para 2015

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O Carrefour terá neste ano uma fase intensa de preparativos em relação à sua estratégia de expansão no Brasil. Isso porque em 2015 o grupo francês - vice-líder mundial do varejo, atrás do Walmart - poderá realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) ou vender uma participação da filial brasileira a um investidor local, declarou ontem Georges Plassat, presidente mundial do Carrefour, durante a apresentação do balanço anual da companhia, em Paris. Mas até lá, a rede não vai ficar parada: cerca de € 500 milhões serão investidos em 2014 no Brasil, disse Plassat.

A direção do Carrefour prefere aguardar a realização da Copa do Mundo e das eleições presidenciais no país para fazer um IPO ou vender uma fatia do negócio a um investidor empresarial, por exemplo (ou até mesmo as duas opções ao mesmo tempo, como afirmou Plassat). "Queremos estar prontos no fim de 2014 para iniciar a reflexão sobre o momento oportuno em 2015", disse. "Tudo é possível desde que mantenhamos o controle da filial brasileira", acrescentou o executivo, ressaltando que o Carrefour "não precisa de capital no país", mas a presença de investidores brasileiros "permitirá levar adiante nossa política de desenvolvimento."

Os investimentos previstos em 2014 no Brasil confirmam a importância desse mercado para o grupo: o montante de cerca de € 500 milhões (quase R$ 1,6 bilhão) representa um quinto dos investimentos globais previstos pelo grupo neste ano, de € 2,4 bilhões a € 2,5 bilhões, destinados principalmente à "aceleração" da renovação de lojas e da expansão do número de unidades. Na França, o montante previsto é de € 1 bilhão. Ou seja, após a França e o Brasil, sobrará € 1 bilhão para o restante do mundo.

Plassat deixou claro que as perspectivas do Carrefour em relação ao país são ambiciosas. "Vamos pisar fundo no acelerador no Brasil", disse o presidente algumas vezes ao se referir ao reforço das operações dessa filial, que se tornou o segundo maior mercado mundial do grupo, logo após a França e à frente da Espanha. "Estamos preparando a empresa para desempenhar no futuro um papel de grande importância [no varejo] no Brasil", declarou.

Na prática, o objetivo é buscar novas armas para enfrentar a concorrência de seu rival francês Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar (GPA), que Plassat não hesitou em alfinetar, ainda que veladamente, durante sua exposição. Em dado momento, ao comentar que pode implementar mudanças no mercado brasileiro por ter uma rentabilidade "confortável" no país, afirmou que não quer ser "ultrapassado progressivamente por gente que precisa mais do Brasil em seus resultados financeiros do que o Carrefour". O país representa quase 40% do faturamento global do Casino. Já no caso do Carrefour, a filial brasileira não chega a 15% da receita mundial.

Mas, por enquanto, apesar do entusiasmo manifestado pela varejista, quase nada foi dito sobre a operação para levantar capitais ou em relação à estratégia de desenvolvimento das atividades no país.

Plassat assegurou, no entanto, que o ritmo de abertura de lojas no mercado brasileiro será "rápido". Neste ano, estão previstas 15 novas unidades da bandeira Atacadão (que já tem uma centena de lojas). A longo prazo, segundo Plassat, haverá "muitas outras" inaugurações dessa rede, que vende no atacado e também para o consumidor final. "Mas isso será feito de maneira seletiva porque os imóveis no Brasil são caros", disse o CEO.

Os projetos não param por aí, já que a estratégia é de "construção a longo prazo". O Carrefour também quer expandir o segmento de lojas de bairro. "Temos cerca de 50 supermercados na região de São Paulo. É uma base a partir da qual estamos estudando o desenvolvimento de unidades de bairro", afirmou. "O Brasil tem um excelente potencial para o grupo."

Além do Atacadão, rede "vigorosa", os hipermercados - que registraram, segundo Plassat, aumento do faturamento e da rentabilidade em 2013 - "vão ganhar, certamente, participação de mercado", diz ele. "Estamos trabalhando em relação à variedade de produtos, à política comercial e à diversidade da clientela dos hipermercados em função da área. Estamos fazendo agora no Brasil o mesmo que foi feito na França, mas vamos fazer isso tranquilamente", disse o CEO, observando que o grupo também vai relançar atividades imobiliárias no Brasil.

Em seu balanço, o Carrefour informou que sua performance no Brasil no ano passado foi "excelente" em todos os tipos de lojas. Devido à desvalorização do real, as vendas no Brasil em euros tiveram queda de 3,7% em comparação com 2012, para € 10,85 bilhões (R$ 31,2 bilhões). A conversão dos valores para reais, pela taxa média de câmbio em cada ano, mostra um crescimento de receita ao redor de 10%. Na América Latina, a desvalorização das moedas provocou queda de 2,7% no faturamento. Levando-se em conta as lojas já existentes há mais de 12 meses e desconsiderando o efeito cambial, as vendas cresceram 12,3% na região no ano passado.

A desvalorização do real e também, em menor escala, do peso argentino, tiveram impacto de € 2,3 bilhões nas contas globais do grupo. O faturamento total, de € 74,9 bilhões teria sido de € 77,2 bilhões a taxas de câmbio constantes, o que representa aumento de 2%. Mas após o ajuste das moedas, a receita global recuou 1% em 2013.

Já de acordo com o critério do mesmo número de lojas, as vendas cresceram 1,6%, "o melhor resultado registrado pelo Carrefour desde 2007", afirmou Plassat. O lucro operacional cresceu 5,3%, totalizando € 2,2 bilhões (a taxas de câmbio constantes o aumento foi de 9,8%). Na França, as vendas cresceram em todos os tipos de lojas, atingindo € 35,4 bilhões (47% do faturamento global), com progressão de 1%. "A França entrou em uma dinâmica e vemos sinais concretos de recuperação" disse Plassat.

Por coincidência, o Carrefour apresentou seu balanço anual no mesmo local de eventos próximo da embaixada americana, na praça da Concórdia, onde o rival Casino também divulgou seus resultados financeiros em fevereiro.



Veículo: Valor Econômico


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