Finalmente, a estratégia traçada pelo Cencosud para este ano para reduzir seu endividamento começa a tomar forma. Além do acordo com o Scotiabank, anunciado na sexta-feira, o grupo varejista controlado por Horst Paulmann avança silenciosamente em outra das frentes desse plano: a venda de ativos não estratégicos, incluindo farmácias no Brasil e postos de gasolina na Colômbia herdados após ter comprado o Carrefour local.
Fontes da empresa asseguram que embora não existam novidades quanto às farmácias, há avanços em relação aos postos de gasolina. Cencosud estaria em negociações com três ou quatro interessados em comprá-las. Pelo ritmo atual das conversas, acredita-se que em três ou quatro meses poderia haver alguma resolução.
De qualquer forma, o cronograma da transação estaria sujeito à conclusão do negócio com o Scotiabank, já que a mesma equipe lidera ambas as negociações e, agora, os esforços estão concentrados em concluir o negócio para transferir 51% das operações com cartões de crédito do Cencosud.
De acordo com fontes próximas às negociações, acredita-se que a varejista receberá cerca de US$ 80 milhões pelos 42 postos de gasolina, recursos que seriam destinados à redução do endividamento.
A Fitch Ratings elogiou o acordo da Cencosud com o Scotiabank e afirmou que caso o negócio se concretize, juntamente com a venda de ativos não estratégicos e com uma melhora no fluxo de caixa, a classificação das dívidas da empresa poderia mudar de "negativa" para "estável".
Estima-se que a Cencosud poderia elevar seus gastos de capital em 2015 em relação aos US$ 425 milhões anunciados para este ano. Esses recursos, no entanto, seriam destinados apenas ao chamado crescimento orgânico, estando descartadas, por enquanto, novas aquisições na região.
O Scotiabank injetará até US$ 3 bilhões na administradora de cartões de crédito do Cencosud, a CAT, em 15 anos. O Scotiabank vai financiar, quando a transação se concretize, a carteira de crédito da CAT, além de 100% da carteira de crédito do Banco Paris, o que se estima em US$ 520,3 milhões. A quantia máxima de financiamento comprometido a ser outorgada pelo Scotiabank Chile é de US$ 3 bilhões para o financiamento do CAT, em 15 anos. A transação ainda precisa receber o aval da Superintendência de Bancos do Chile e do órgão homólogo canadense.
O Cencosud informou que espera ver a transação concretizada em três a seis meses, contando a partir da celebração do negócio. (Tradução de Sabino Ahumada)
Veículo: Valor Econômico