Comerciantes conseguiram taxas melhores com as operadoras
Os supermercados paraenses vão manter as compras parceladas com cartões de crédito. Mesmo antes do prazo de 90 dias, recomendado pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPE-PA), para a manifestação da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), a entidade decidiu em favor dos consumidores, depois de negociar melhores taxas de juros e despesas administrativas com as operadoras dos cartões. Porém, cada empresário é livre para decidir se aceita ou não o parcelamento de compras.
“A Aspas enviou ofício informando que iria manter as compras parceladas com cartões de crédito, pois conseguiram, graças a tanta repercussão, negociar com as operadoras dos cartões taxas melhores. Essas taxas eram variáveis de 2% a 5% e eram a principal reclamação dos empresários e por isso iniciaram essa discussão”, explicou a promotora Joana Coutinho, da promotoria de Defesa dos Direitos do Consumidor do MPE-PA.
Na avaliação da promotora, trata-se de uma vitória do consumidor, mas ela lembra que isso significa responsabilidade. “Por enquanto, os consumidores não precisam se preocupar em não conseguir mais comprar parcelado, só que precisarão saber administrar essa vitória. Ter crédito sempre é um risco por conta do endividamento”, alertou, principalmente pelo fato de compras de supermercado serem muito constantes. Com isso, o parcelamento pode, rapidamente, minar o orçamento familiar.
As taxas administrativas elevadas e os juros altos, junto com o endividamento dos clientes, foram as razões que levaram os varejistas a levantar a possibilidade de encerrar as compras parceladas com cartões de crédito, mesmo os crediários internos. Mas, ao menos por enquanto, o presidente da Aspas, José Oliveira, garante que o assunto está encerrado e que os parcelamentos continuam. “No mínimo a curto prazo continuam sim. Não era o acordo que queríamos com as operadores de cartão de crédito, mas ajudou e pudemos resolver. Todas as lojas continuam parcelando as compras”, declarou.
O presidente do Sindicato dos Supermercadistas do Pará, Fernando Brito, reforçou que não há, pela entidade, uma espécie de orientação ou acordo. O único “consenso” é de que cada empresário decide como proceder com as compras parceladas.
“Graças a Deus que continua. Quando ouvi falar disso fiquei assustada. Muita gente está acostumada a parcelar as compras de dois ou três meses e fazer uma compra maior. Isso facilita a compra e acho que ajudou muito quem é mais pobre”, opinou a dona de casa Dora Ane Silva, de 41 anos. Ela, por outro lado, reconheceu que já passou apertos por não conseguir conciliar o volume de compras planejado com a quantidade de parcelas do pagamento, fazendo novas compras antes de terminar um pagamento.
Veículo: O Liberal - PA