Impulsionado pelas vendas em supermercados de demais lojas de alimentos e bebidas, o comércio varejista esboçou uma reação e cresceu 1% de setembro para outubro, segundo dados divulgados na sexta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em setembro, a alta havia sido menor: 0,4%. Já em agosto, a taxa fora positiva em 1,4%. O aumento em outubro em relação a setembro, no entanto, foi o maior desde 2009. O volume de vendas do comércio cresceu 1,8% na comparação com outubro de 2013. Com esse resultado, o setor acumula uma expansão de 2,5% de janeiro a outubro.
Apesar da ligeira retomada, na comparação anual, a variação em outubro é a menor para o mês desde 2003, quando as vendas caíram 2,9% na esteira da crise de confiança e da recessão gerada pelas eleições do ano anterior.
Nos últimos 12 meses encerrados em outubro, as vendas somam uma alta de 3,1%. Analistas esperam que o comércio varejista feche o ano num patamar próximo a esse, muito abaixo do crescimento de anos anteriores, quando o comércio crescia ao redor ou acima de dois dígitos.
Mantido o atual ritmo, o comércio caminha para registrar neste ano seu menor aumento desde 2003, quando as vendas caíram 3,7%. Em 2013, a expansão foi de 4,3%.
Para Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a inflação mais baixa do varejo foi "determinante" para a retomada das vendas em outubro. Os preços mais comportados de alimentos, itens de informática (que tiveram deflação, na verdade), veículos e vestuário impulsionaram as vendas desses setores. As lojas de roupas e calçados venderam 2% a mais de setembro para outubro, por exemplo.
Oscilações - "O comportamento dos preços foi determinante para explicar as oscilações das vendas de alguns setores importantes do comércio", avaliou. Houve crescimento de 1,2% de setembro para outubro das vendas de supermercados e demais lojas de alimentos e bebidas. Em setembro, o setor havia recuado 0,2%.
Bentes afirma, porém, que o resultado de outubro não configura "uma nova tendência" para o varejo, que deve manter taxas modestas de crescimento. A previsão da CNC é de uma alta de 3,1% neste ano -se confirmada, será a menor variação desde 2003.
Para o economista da CNC, o ano de 2015 também será de crescimento fraco do varejo, a julgar ao histórico de forte expansão registrado até 2012. A estimativa aponta para um crescimento de 3,6%, pouco acima do previsto para 2014. Um "complicador", afirma, será o câmbio, que encarece preços de importados e artigos cotados na moeda norte-americana. (FP)
Veículo: Diário do Comércio - MG