Em março, as vendas do varejo cresceram 2,9%, mas o setor de supermercados foi o que teve a maior queda
Depois de dois meses de resultados negativos na comparação com o respectivo mês do ano anterior, as vendas do comércio varejista ampliado no Ceará - que inclui os setores de veículos e material de construção, além dos outros segmentos que compõem o varejo - registraram crescimento de 2,9% em março de 2015, face a março de 2014.
No acumulado do ano (janeiro a março/2015), porém, o volume de vendas amargou queda de 2,4%. Já nos últimos doze meses o índice foi positivo, de 1,8% no Estado. É o que revela a terceira edição de 2015 da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em relação à receita nominal de vendas, o comércio cearense obteve alta de 8% em março, recuperando o desempenho negativo que experimentou em fevereiro, quando registrou 4,2% de retração. No acumulado de janeiro a março deste ano, a receita nominal de vendas do varejo no Estado cresceram 2,8% frente ao mesmo período de 2014. Em 12 meses, a variação acumulada chegou a 6,8%, tendo por base igual período anterior, ou seja, os doze meses imediatamente anteriores.
Segmentos
Em março, os segmentos impactados negativamente no que se refere ao volume de vendas do varejo ampliado no Ceará foram equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-21,9%) e livros, revistas e papelaria (-12,5%). Mas o grande vilão para as famílias cearenses, em termos de impacto no consumo, foi o ramo de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que registrou queda de -6,1% em março, superando o declínio de -2,4% experimentado em igual mês pelo setor no País. Além disso, também desfavorável foram as vendas da atividade combustíveis e lubrificantes, que caíram -1,6% no Ceará e -2,1%, no Brasil.
Em contrapartida, variaram positivamente em volume de vendas no varejo do Estado, no terceiro mês do ano, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, que contabilizou alta de 16,2%; material de construção (14,3%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (13,8%); veículos, motocicletas, partes e peças (6,8%); móveis (2,8%); e Eletrodomésticos (2,4%). Para o diretor financeiro do Super Lagoa, Washington Freitas, num contexto mais amplo, "a entrada dos atacados e atacarejos no mercado cearense são um dos motivos da queda nas vendas dos supermercados". "Muitos clientes estão deixando nossas lojas e optando por comprar em quantidade nos atacadões", afirma Freitas.
Porém, especificamente em março, ele aponta a redução do crédito como principal motor da queda nas vendas. "O dinheiro está saindo do mercado. O crédito está caro. Tudo aumentou. Então isso impacta diretamente nas vendas do varejo", explica o Washington Freitas.
Retração maior
O diretor financeiro do Super Lagoa não esboçou surpresa em relação ao fato de a retração nas vendas dos supermercados cearenses (-6,1%) ter sido bem superior ao declínio de -2,4% verificado nacionalmente pelo setor. "Aqui mesmo em nossa empresa, sofremos uma redução ainda maior em março desse ano, comparativamente a março do ano passado", revela Freitas.
"Vendemos em março de 2015 o mesmo que em março de 2014. Então estamos perdendo a inflação todinha. Significa que no terceiro mês desse ano nossas vendas caíram em torno de 8%", calcula o diretor da rede supermercadista, que reúne 11 lojas no Estado, sendo oito na Capital e três no interior, em Sobral, Iguatu e Juazeiro.
Ângela Cavalcante
Repórter
Veículo: Diário do Nordeste