São Paulo - O Wal-Mart Stores está em negociações com a firma de private equity Advent International e outros fundos para a venda de uma participação importante em suas operações no Brasil, informaram duas pessoas com conhecimento direto do assunto no domingo.
O Wal-Mart está sendo assessorado pelo Goldman Sachs & Co, de acordo com uma das fontes que falaram sob condição de anonimato. As outras empresas de private equity que estão avaliando o investimento na unidade brasileira são GP Investments e Acon Investments, acrescentou a fonte.
Representantes do Wal-Mart no Brasil, da Advent e da GP se recusaram a comentar. Goldman e Acon não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.
Os negócios no exterior da Wal-Mart não são mais o motor de crescimento que já foram em meio à desaceleração econômica no Brasil e à concorrência de varejistas de desconto no Reino Unido.
Em 2016, o presidente-executivo do Wal-Mart, Doug McMillon, indicou aos investidores que já planejava rever as operações globais. Seus comentários provocaram especulações de que o Wal-Mart procuraria reestruturar ou mesmo se retirar de mercados onde tem tido dificuldades. O Brasil estava entre os países mais citados pelos analistas como um alvo potencial.
Ao longo de 2016, o Wal-Mart fechou pelo menos 10 por cento de suas lojas no Brasil, assim como negócios não essenciais em toda a América Latina. Também vendeu seu negócio de comércio eletrônico na China para empresa de comércio eletrônico JD.com e comprou uma participação no JD.com, em vez de tentar ingressar no mercado por conta própria.
Uma saída parcial do Wal-Mart do Brasil vem no momento em que a vice-presidente de operações, Judith McKenna, assume o controle da unidade internacional do maior varejista do mundo. O movimento daria ao novo parceiro uma chance de fazer uma mudança na operação brasileira que tem lutado para se tornar lucrativa.
O Wal-Mart entrou no Brasil em 1995 e cresceu para se tornar a terceira maior rede varejista do país depois de duas grandes aquisições em 2004 e 2005 e de um período de rápida expansão de lojas que foi interrompido em 2013.
Atualmente, opera 471 lojas no Brasil, de acordo com o site local da empresa. A unidade brasileira da rede varejista relatou receita de quase 30 bilhões de reais em 2016.
O Wal-Mart registrou prejuízo operacional no Brasil por sete anos seguidos, após a expansão agressiva de uma década, que deixou a empresa com lojas em locais ruins, operações ineficientes, problemas trabalhistas e preços não competitivos, informou a Reuters no início de 2016.
Uma das pessoas com conhecimento do negócio disse que as operações do Wal-Mart no Brasil não melhoraram nos últimos dois anos, que coincidiram com a recessão mais dura do país em décadas.
O Wal-Mart começou a sondar possíveis investidores para a unidade brasileira há vários meses, mas os varejistas rivais não mostraram interesse, levando a empresa a buscar fundos de private equity, disse a fonte.
A varejista pretende manter uma participação na unidade brasileira para poder recuperar parte de suas perdas no país mais tarde, se uma recuperação econômica e operações reestruturadas impulsionarem os resultados, de acordo com a fonte.
As vendas do varejo no Brasil estão começando a se recuperar da recessão, tendo subido 5,6 por cento ante o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Serasa Experian.
Fonte: DCI São Paulo