Diante do apelo promocional dos modelos de cash and carry para os produtos mais básicos, o investimento em áreas de convivência, alas específicas para o comércio de roupas em hipermercados e a localização próxima dos formatos de supermercados tornam-se trunfos para conquistar mais consumidores.
Segundo estudo obtido com exclusividade pelo DCI e realizado pela empresa de inteligência de mercado CVA Solutions, fatores como qualidade no atendimento, variedade de produtos nas gôndolas e áreas do negócio, proximidade e conveniência da loja são determinantes para 72,4% dos consumidores na hora de decidir comparecer às redes.
“Uma das vantagens dos formatos de supermercados é que, em comparação ao atacarejo, há maior frequência por parte dos consumidores durante a semana e alta possibilidade de retorno”, afirmou o sócio-diretor da CVA Solutions, Sandro Cimatti.
Ainda de acordo com ele, tanto os supermercados como, sobretudo, os hipermercados têm o potencial de ampliar o sortimento de produtos para além do setor alimentar.
“O hipermercado fica no meio do caminho entre o supermercado e o atacarejo. Costuma ter mais de 50 mil SKUs, que vão desde alimentos até produtos de vestuário, calçados e alguns eletrônicos. Além disso, existem espaços para a prestação de serviços como, por exemplo, ambientes para cafés e até mesmo postos de gasolina em alguns negócios”, afirmou Cimatti. Segundo o estudo da CVA, para 33,3% dos consumidores entrevistados, a variedade de produtos dentro do negócio aparece como o elemento principal para determinar a ida à loja.
Um dos exemplos de supermercados que utiliza os espaços “vagos” dentro do negócio para a prestação de serviços é a rede Covabra Supermercados. “Atualmente, temos 16 unidades das quais duas lojas com restaurante e as outras contam com serviços que variam entre bancos, perfumarias, lotéricas, chaveiros, livrarias e bancas”, afirmou o diretor da rede Covabra, Ronald dos Santos.
Ainda de acordo com o executivo, essas outras alas implementadas dentro da área dos supermercados – que são controladas por terceiros – exercem um caráter complementar à venda de alimentos.
“Na verdade, esses espaços podem servir de atrativo para os clientes consumirem dentro da loja. A tendência é que esses negócios contribuam para as vendas”, disse ele, ressaltando que, apesar da implementação dessas alas alternativas dependerem da disponibilidade de espaço, há sempre o aproveitamento das áreas extras.
Em linha com a perspectiva de que tais iniciativas exercem papel “complementar” dentro das redes, o sócio-diretor da consultoria de mercado GS&Consult, Alexandre van Beeck, apontou para o fato de que os players desse segmento estão em buscando redefinir o papel dos negócios.
“Tanto os supermercados como os hipermercados têm sofrido muito com a mudança de hábito de consumo dos clientes”, observou van Beeck. Desse modo, o especialista indica que um dos segmentos que podem contribuir para as operações no varejo alimentar é justamente o foodservice.
“Vejo um movimento de diversas redes espalhadas pelo mundo desenvolvendo o foodservice como oferta importante para os clientes, tanto no oferecimento de comidas prontas no balcão do negócio como também áreas com foco na preparação de sushi”, disse ele. No Brasil, ele aponta o Pão de Açúcar e o Carrefour como alguns exemplos de redes que investem nesse tipo de ação. “Hoje, se o setor não se mexer nesse sentido, vão aos poucos perder relevância. Um dos caminhos é o grande valor agregado que a prestação de serviços tem”, complementou.
Área textil
Conforme veiculado em matéria publicada pelo DCI, no mês passado, a rede de hipermercados Extra – controlada pelo Grupo GPA – é outro exemplo de varejista diversificando o portfólio de negócios. A partir da renegociação com 40 % dos fornecedores, a rede pretende elevar em 15% o volume de suas vendas até o final de 2018 com a implementação de uma ala voltada exclusivamente para itens de vestuário.
Fonte: DCI