Lojas com pagamento por reconhecimento facial. Preços atualizados na hora por algoritmos. Essas são algumas características do Freshippo, supermercado do grupo Alibaba na China. Segundo Jack Ma, fundador do ecommerce chinês, esse modelo de negócio é o “novo varejo” que conseguirá competir com o crescente mercado online dominado por marcas como a Amazon. As gigantes chinesas de tecnologias estão investindo no varejo físico, mas os números ainda não estão acompanhando os custos da inovação.
De acordo com o Financial Times, o Freshippo opera em prejuízo por causa dos altos investimentos feitos para expandir para além de suas 150 lojas.
A Tencent, empresa que criou o aplicativo de mensagens WeChat, comprou 5% das ações do supermercado Yonghui, mas também ainda não foi suficiente para a varejista escapar da dificuldade. No ano passado, a rede de varejo deixou de investir na sua área de inovação depois de somar perdas de US$ 182 milhões ao longo de três anos. “Mesmo que o lucro continue a subir, o mesmo acontecerá com os custos”, disse a rede.
No entanto, o “novo varejo” tem apostado bastante nas vantagens que as empresas de tecnologia podem trazer à suas estratégias. De acordo com o Hu Luhui, CTO do Yonghui, a parceria com a Tencent é importante para conhecer o perfil do consumidor. “Nós trabalhamos com a Tencent para criar retratos dos nossos usuários e prever suas preferências”, diz ao FT.
Segundo analistas do setor, o uso de inteligência artificial (IA) poderá, eventualmente, aumentar a margem de lucro dos supermercados. “Por meio da tecnologia, o varejo oferece produtos de forma totalmente segmentada, em comparação com 70% de precisão anterior”, diz Luhui. O Yonghui ainda usou IA para delimitar de 70 mil possíveis localidades, para 100 áreas em Xangai onde seria mais efetivo ter uma nova loja.
O novo modelo de varejo também inclui tornar as lojas em “pontos de entrega”, o que aumentaria a margem de lucro ao cortar os custos com espaço. Para a Freshippo “a maior parte do dinheiro está vindo do delivery”, afirma Larry Zhu, sócio da consultoria Bain.
A lojas da rede de supermercado contam com armazéns para as estocar as compras online e usam IA para disponiblizar apenas os produtos que serão consumidos. No entanto, a economia ainda não compensa os gastos que o supermercado realiza para atrair os consumidores às lojas físicas – como restaurantes que cozinham na hora os alimentos adquiridos pelos consumidores.
Entretanto, segundo Zhu, o único caminho para as varejistas, tanto as chinesas quanto as estrangeiras, competirem e cortarem os custos com a inovação ainda é investir em parceria com as gigantes de tecnologia. “Você deve estar disposto a dar uma parte ao seu parceiro dentro das margens existentes”, afirma.
O Walmart é uma delas que se rendeu a essa estratégia. A varejista dos Estados Unidos comprou 10% da Dada-JD Daojia, empresa do ecommerce JD.com, para ajudar a transformar seus supermercados na China em locais de entrega de compras online.
A France’s Auchan, segunda maior varejista estrangeira na China, também se aliou ao Alibaba, que comprou 36% de suas ações por US$ 2,9 bilhões. Desde 2015, o grupo de Jack Ma já gastou US$ 10 bilhões em investimentos em negócios físicos, desde supermercados até lojas de móveis.
"Entrega e promoções personalizadas são as partes boas do novo varejo", diz um executivo sênior da rede chinesa de supermercados Sun Art. "O ponto fraco é que concentra o poder de mercado nas mãos do Alibaba e do JD.com."
Fonte: Época Negócios