As sacolinhas são mesmo vilãs?

Leia em 2min 40s

Por que as sacolas plásticas foram transformadas em símbolo de uma sociedade que não pensa na hora de consumir. A grande batalha verde do século 21, às vezes, parece ter um único e exclusivo alvo: a sacolinha plástica.

 

Produzidas a partir de fontes não renováveis, como o plástico originado do petróleo e do gás natural, as sacolinhas são distribuídas sem custo em supermercados e no comércio em geral e demoram entre cem e 400 anos para se decompor. Leve e resistente, uma sacola plástica pode facilmente entupir um bueiro, ser depósito de água contaminada ou repetir a cena que circulou pela internet ao redor do mundo, na qual pedaços de plástico eram responsáveis pela morte de animais marinhos.

 

Difíceis de reciclar, as sacolinhas são, muitas vezes, usadas para o depósito de lixo doméstico e, assim, seu destino mais óbvio acaba sendo inevitavelmente os aterros sanitários. Lugares onde, na sequência, acabam liberando gás metano na atmosfera.

 

Essas são razões para uma guerra que, a olhos leigos, parece querer o fim definitivo da sacola plástica.
– Uma sacola não é a grande vilã do ambiente, o problema é seu consumo desenfreado – esclarece Fernanda Daltro, coordenadora técnica da área de consumo sustentável do Ministério do Meio Ambiente.

 

Na Europa e nos EUA, muitos países já adotaram medidas para frear seu consumo exagerado e fazer com que o consumidor compreenda que o ato de pegar uma sacolinha no supermercado tem, de fato, um custo ambiental que precisa ser colocado na balança.

 

Dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) garantem que o setor distribui aproximadamente 12 bilhões de sacolinhas plásticas a cada ano, o que representaria 66 unidades anuais para cada brasileiro.

 

Os bilhões em sacolas são justificados quando se pensa que o poder de compra cresceu de forma significativa no país recentemente, e a estabilidade da moeda possibilita a um grande número de pessoas mais idas ao supermercado em um único mês.

 

Ao invés de serem distribuídas gratuitamente, no outro lado do oceano, as sacolas estão sendo vendidas. Além disso, o uso de unidades retornáveis, as chamadas ecobags, é estimulado. No Brasil, grandes órgãos também iniciam uma movimentação para conscientizar os consumidores. A campanha Saco é um Saco, lançada pelo Ministério do Meio Ambiente, é um exemplo.
– A partir de algo que está no cotidiano de todos, como a sacola plástica, queremos discutir o consumo consciente, a reutilização de materiais e a separação do lixo – exemplifica Fernanda.

 

Para Merheg Cachum, presidente executivo da Associação da Indústria do Plástico, o grande problema está na educação para o uso e o descarte das sacolas.
– Sem educação e consciência, tudo pode ser considerado um problema – garante.

 

Enquanto isso, Xanxerê, uma cidade no interior de Santa Catarina, decidiu banir por completo o uso das sacolas em seus supermercados (veja ao lado). Edson Marció, representante dos supermercadistas da região, reforça que o sucesso só foi possível com um passo que parece ser o grande aliado nessa batalha:
– Sem a conscientização da população, nada é possível.

 


Veículo: Zero Hora - RS


Veja também

Nitro Química passa a sequestrar gás-estufa

Companhia do grupo Votorantim adota matérias-primas renováveis e deixa de emitir CO2   A Nitro Qu&i...

Veja mais
BuscaPé lança selo ecológico

Para ajudar usuários a adotarem uma postura ambiental responsável até nas compras pela internet, ou...

Veja mais
Copa, plástico e sustentabilidade

Ao longo dos próximos anos, o Brasil deverá investir cerca de R$ 10 bilhões em 12 cidades, nas obra...

Veja mais
Braskem diz que tecnologia alavanca o país

O desenvolvimento da química verde e a eficiência do Brasil na produção de fontes renov&aacut...

Veja mais
Empresas apostam em embalagem "verde"

Itens de beleza e brinquedos serão embalados em plástico feito de cana, após inauguraç&atild...

Veja mais
Esta marca tem dono?

Com a sustentabilidade em alta, empresas de vários setores procuram aliar seus nomes à floresta. E j&aacut...

Veja mais
A venda fácil da Braskem

A companhia nem lançou o seu plástico verde e já está com quase toda a produçã...

Veja mais
Bunge recebe prêmio por ecoembalagem

O pote biodegradável da margarina Cyclus Nutrycell, lançado de forma pioneira no Brasil pela Bunge em 2009...

Veja mais
"Ecobags" são uma ameaça à saúde, diz estudo americano

Pesquisa achou coliformes como E. coli em metade das sacolas de compras analisadas   As sacolas reutilizá...

Veja mais