Plástico a partir de milho e alga cresce no País

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A demanda por plásticos biodegradáveis, produzidos a partir de fontes renováveis como milho, cana, soja e até algas marinhas, cresce sem parar no Brasil. O País importa 500 toneladas por ano de PLA - um poliéster extraído do amido do milho que serve de base para a produção dos bioplásticos, - e já chama atenção de gigantes mundiais do setor.

 

A Cereplast, que tem sede nos Estados Unidos e produz 48 mil toneladas de PLA por ano, já estuda instalar uma fábrica no Brasil, de olho na demanda crescente pelo produto, que é usado para fazer embalagens, e fibras para vestimentas e forrações, entre outras aplicações.

 

Segundo Reinaldo Azevedo, representante da empresa no País, "se a demanda continuar crescendo, até por conta da legislação, em 2011 o Brasil pode ganhar a sua primeira fábrica. Já conversamos sobre isso coma matriz, que pediu para aguardarmos um pouco", garantiu.

 

Azevedo garantiu que a Cereplast está muito atenta à demanda brasileira, e a produção de milho, cana-de-açúcar, e soja do País atesta a futura capacidade de produção.

 

O Poli Ácido Láctico (PLA) é um elemento de fonte renovável, como o milho, biodegradável, ou melhor, serve de alimento para micro-organismos, e compostável, o que permite servir de adubo após descarte.

 

Além disso, tem baixíssimos índices de emissão de carbono, 1,3 quilo para cada quilo de plástico, em comparação aos 3,2 quilos produzidos pelo plástico das garrafas PET (politereftalato de etileno).

 

"O bioplástico encaixa perfeitamente no conceito de sustentabilidade, pois é produzido com fontes renováveis como o milho, e pode servir de adubo. As sobras dos produtos plásticos fabricados com PLA também podem ser até 40% recicladas. São muitos benefícios", frisou.

 

São necessários para produzir um quilo de PLA 3,5 quilos de milho, ou pouco menos de matéria-prima no caso da cana-de-açúcar.

 

Para fabricar as 200 mil toneladas de PLA no mundo são necessárias 700 mil toneladas de milho, o que representa menos de 0,1% da produção mundial do cereal.

 

Segundo Azevedo, o Brasil produz mais de 5 milhões de toneladas de plástico comum por ano, e a expectativa é que até 2014, com a chegada dos grandes eventos esportivos como Copa do Mundo e Olimpíadas, o consumo do bioplástico passe de menos de 1% atual para até 5% do total.

 

"O bioplástico está brigando para representar 5% do total de plástico fabricado. Estamos conversando com a Cereplast para liberar investimentos para campanhas publicitárias para ampliar o consumo por estes produtos", afirmou o gerente.

 

Plástico versus comida

 

Em relação à discussão a respeito do uso do milho para outra finalidade que não a alimentação animal e humana, ele garantiu que o bioplástico não irá reduzir os volumes de produto para o consumo, nem no Brasil, nem tampouco no mundo.

 

Tanto que a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) se mostrou muito otimista em relação a mais este possível uso do milho.

 

"Está certo que a utilização principal do milho seria para a alimentação, tanto animal, quanto humana. Mas nada impede que incrementando essa produção de milho possamos atender os setores industriais, então eu vejo isso com bons olhos, não vejo problema nenhum", disse o diretor da entidade, Otávio Canesin.

 

Para ele o Brasil pode dobrar as suas áreas de plantio do cereal, se o mercado tiver essa demanda.

 

"O Brasil tem condições plenas de atender esse setor, ele pode plantar muito milho de uma hora para outra. Então não vejo nenhum empecilho à instalação de fábricas de bioplásticos de milho no País. Esses são processos com base na sustentabilidade", afirma Canesin.

 

Outra empresa que também importa o PLA para a fabricação de bioplásticos é a gigante alemã Basf, que produz o material usado nas novas sacolas plásticas da rede francesa de supermercados Carrefour no Brasil, e de toda a linha de sacolas compradas pela cidade de Jundiaí (SP), que proibiu recentemente o uso das antigas sacolas plásticas.

 

Para a gerente da Basf, Letícia Mendonça, esta é a nova tendência, entretanto, ainda é inviável implantar uma fábrica no Brasil.

 

"Para termos uma produção brasileira é necessário ampliar a demanda. Atualmente, o preço desses produtos chegam a estar até 3 vezes mais caros que os plásticos comuns, mas o benefício é inestimável", afirmou Letícia Mendonça.

 

Para ela, com a produção de milho, soja, e cana-de-açúcar brasileira o País pode se tornar um dos maiores exportadores de bioplástico do mundo.

 

"Eu acredito que o Brasil tem muita chance de crescer com esse tipo de material, porque nós somos bem competitivos nas fontes renováveis, e essa mistura tende a crescer bastante. Mas quando teremos escala suficiente é difícil prever", comentou Letícia Mendonça.

 

Contudo, o Brasil ainda vê suas chances de ganhar a primeira fábrica de plásticos biodegradáveis cada vez mais próximas. Isso porque, além do milho, da soja, e da cana-de-açúcar, que são as principais lavouras do País, uma nova matéria-prima está sendo usada para a fabricação do produto, as algas marinhas.

 

O gerente comercial da Cereplast, Reinaldo Azevedo, afirmou que as algas já foram testadas e funcionaram acima das expectativas, e a produção da PLA com algas já foi iniciada nos Estados Unidos.

 

Ele contou ainda que a empresa já está conversando com alguns produtores de algas de Ubatuba, no litoral paulista, para possíveis negociações.

 

"O plástico de alga terá o mesmo valor daquele que é produzido baseado nos cereais. E se bobear ainda será mais barato. Não sei precisar se a futura produção brasileira será com base nas algas [uma possibilidade que a empresa está estudando principalmente no Brasil], mas ainda temos o milho e a cana", disse o gerente da Cereplast.

 

Veículo: DCI


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