Grupo belga havia previsto em 2007 uma nova unidade de produção de PVC no Brasil, mas projeto acabou sendo suspenso
O grupo belga Solvay retomou o projeto de construção no Brasil de uma fábrica de PVC, com uso de cana de açúcar como matéria-prima. Em análise neste momento pela direção do grupo, o empreendimento poderá mudar o ambiente de negócios do setor no Brasil em 2012, ano em que a Braskem também iniciará as operações de uma nova fábrica da resina.
Caso o projeto da Solvay - que tem no Brasil uma fábrica em Santo André (SP) - receba a aprovação até o início do próximo ano, é possível que as duas empresas disputem para definir qual unidade entrará em operação antes da concorrente. Quando foi originalmente anunciado, em 2007, o plano da Solvay era investir US$ 135 milhões.
Apesar de o projeto da empresa ainda estar sujeito a alterações, ele poderia estar concluído entre 12 e 18 meses depois de sua aprovação. Ou seja, a unidade poderá entrar em operação nos primeiros meses de 2012, mesmo prazo dado pela Braskem para iniciar a produção na fábrica a ser instalada em Alagoas.
Juntos, os dois projetos devem representar uma expansão de aproximadamente 260 mil toneladas anuais de PVC - um plástico de larga utilização na indústria de consumo -, o equivalente a mais de um quarto da atual capacidade instalada do setor no Brasil, de aproximadamente 800 mil toneladas.
De acordo com o diretor comercial da Solvay Indupa para o Mercosul, Carlos Alberto Tieghi, o projeto inicial da companhia prevê que a nova linha de produção terá capacidade de 60 mil toneladas anuais de eteno verde, a partir de cana de açúcar, e capacidade praticamente idêntica de PVC -. "Existe o interesse de clientes específicos pelo PVC verde. Esses clientes aceitam pagar mais por um produto diferenciado", disse.
O desenvolvimento de resinas termoplásticas a partir da cana-de-açúcar não é novidade no Brasil. Desde setembro passado, a Braskem já opera uma fábrica de eteno verde, produzido a partir da cana de açúcar, que posteriormente é convertido em polietileno (PE). A mesma tecnologia pode ser utilizada na produção de PVC, resina cujas matérias-primas são o eteno e o cloro.
Licenças. Tieghi revelou que a Solvay já possui acordos acerca de equipamentos que serão utilizados na unidade, assim como de licenças para a instalação e operação da nova fábrica. Esses acertos podem acelerar o projeto, caso o aporte seja aprovado. "O investimento será feito somente pela Solvay", destacou o executivo, que evitou dar maiores detalhes sobre o projeto em análise.
Ao iniciar a produção de PVC a partir de fontes renováveis, a Solvay deve reduzir a dependência do eteno fornecido pela Quattor, empresa adquirida pela concorrente Braskem.
A possibilidade de os dois projetos entrarem em operação no começo de 2012 resultará em um salto na produção doméstica, o que poderia prejudicar as margens das fabricantes. Tieghi, entretanto, faz questão de minimizar possíveis preocupações. "Temos uma perspectiva de que o mercado crescerá pelo menos 5% ao ano nos próximos cinco anos. E falamos de um mercado que já supera 1 milhão de toneladas anuais", ressaltou.
Caso as projeções da Solvay se confirmem, o consumo aparente de PVC deverá saltar para pouco mais de 1 milhão de toneladas neste ano e subir, até 2012, para mais de 1,1 milhão de toneladas. A produção doméstica cresceria no mesmo período para pouco mais de 1 milhão de toneladas anuais.
Veículo: O Estado de S.Paulo