A ideia de criar opção às sacolas plásticas surgiu ao empreendedor em plena fila do mercado. Agora só falta ganhar as grandes redes
Uma das barreiras a serem enfrentadas pelo novo produto é o hábito da população de utilizar sacolas plásticas
O corretor de imóveis aposentado Rogério Luiz de Souza não para de pensar em soluções inovadoras para problemas cotidianos dos consumidores. Suas ideias já lhe renderam oito patentes, como um sistema de alarme para perda de telefones celulares, produto que permanece inédito no mercado.
No momento, o empreendedor dedica-se a convencer os supermercadistas a adotarem o Comprainer, sistema de carrinhos e caixas de papelão que visa substituir as sacolas plásticas, embalagem cada vez mais criticada pelos defensores do meio ambiente. Tanto que recentemente a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) firmou um pacto setorial com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) para reduzir em 30%o uso de sacolas plásticas em estabelecimento de todo o país até 2013 e em 40% até 2014.
Souza conta que teve a ideia de desenvolver o sistema Comprainer há três anos, em plena fila do caixa de umsupermercado em Florianópolis. O estabelecimento estava lotado e ele reparou na quantidade de sacolas plásticas que estavam sendo utilizadas. “Nunca havia prestado atenção nesse aspecto,mas percebi o volume e o absurdo disso na hora em que a pessoa que estava imediatamente à minha frente chegou ao caixa. Ela deve ter usado umas quarenta sacolas”, conta.
Ao chegar em casa, Souza fez os primeiros desenhos de sua invenção. Foram necessários alguns meses e a ajuda de profissionais de design para chegar ao modelo final: uma caixa simples de montar, resistente, reciclável e que o consumidor recebesse dobrada. O sistema ficou completo quando Souza desenvolveu carrinhos adequados ao transporte das caixas.
Alguns supermercados já testaram ou estão testando o produto, como o Hippo, de Florianópolis, e o Giassi, rede com vários estabelecimentos em Santa Catarina. Na capital paulista, o Quintal dos Orgânicos foi o primeiro a utilizar o sistema Comprainer.
Souza observa que suas caixas ecológicas são adequadas aos estabelecimentos cujos clientes, em sua maioria, façam compras de carro.
Mudança de hábitos
De acordo como empreendedor, o sistema Comprainer exige uma forte mudança nos hábitos dos consumidores. “Por isso o sistema não decolou ainda”, diz. Souza também está enfrentando outro desafio: convencer os supermercadistas a usarem seu sistema completo, não somente as caixas. “Quando o sistema é utilizado pela metade, as pessoas não têm todo o conforto e por isso não percebem seu valor pleno”, afirma.
Souza não revela o faturamento obtido até agora, já que o negócio é muito recente. Porém, o empreendedor se diz confiante em relação ao potencial de mercado do produto. Enquanto negocia com grandes redes nacionais, ele também olha para o mercado externo. “Temos uma fábrica no México produzindo nossas caixas. Já nos enviaram protótipos. A ideia é exportar o produto para a Flórida (EUA)”, diz.
ADEUS, SACOLAS
Sistema facilita o uso de caixas de papelão para transportar as compras do supermercado
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As caixas são abertas com um gesto: basta puxar as extremidades para elas ficarem prontas para o uso
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Um carrinho específico torna simples o transporte das caixas. Depois, basta colocá-las no porta-malas e levar as compras para casa
Tanto a caixa grande quanto a pequena suportam 15 kg de mercadoria cada uma
Localizado na Vila Madalena, na capital paulista, o mercado Quintal dos Orgânicos utiliza o sistema Comprainer desde sua inauguração, em outubro do ano passado. “A receptividade tem sido muito boa. As pessoas têm aderido ao uso da caixa. Entenderama proposta”, diz Nardi Davidsohn, diretor do estabelecimento voltado apenas a alimentos e produtos livres de agrotóxicos e materiais sintéticos. O consumidor paga R$ 2,80 por caixa, que pode ser utilizada dezenas de vezes.
Veículo: Brasil Econômico