Sacolas gratuitas serão banidas

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Consideradas vilãs da natureza, grandes cidades têm projetos de lei para proibir uso.


 
O Carrefour tem como meta banir as sacolinhas em quatro anos. Para isso, vende sacolas retornáveis


 
As maiores redes de supermercado do país já se preparam para o fim da distribuição de sacolas plásticas gratuitas em suas lojas.

 

Consideradas "vilãs" da natureza pelos ambientalistas, grandes cidades, como São Paulo, Belo Horizonte e Ribeirão Preto, têm projetos de lei para proibir seu uso.

 

No Rio, já vigora norma que não proíbe as sacolas, mas obriga o comerciante a dar desconto de R$ 0,03 a cada cinco produtos comprados sem o uso delas.

 

Outros países, como Itália, França, Alemanha, China e África do Sul, baniram as sacolas ou cobram por seu uso.

 

A Associação Paulista de Supermercados (Apas) declara ser favorável aos projetos e já implantou um plano-piloto em Jundiaí, visando a expansão do modelo.

 

"Existe uma cobrança por parte dos segmentos ambientais, que dão a imagem de vilão ao supermercado", disse o vice-presidente e diretor de comunicação da Apas, Orlando Morando.

 

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) estima que o país consuma cerca de 12 bilhões de sacolas ao ano, ou 63 por habitante.

 

Não só os ambientalistas aprovam a readequação do modelo atual. Pesquisa feita em 2010 pelo Walmart em parceria com o Ministério do Meio Ambiente mostra que 60% da população é a favor de leis que proíbam a distribuição de sacolas.

 

" um movimento inexorável ‘o fim das sacolinhas’. Vai acontecer", disse o diretor de sustentabilidade do Carrefour, Paulo Pianez.

 

Alternativas - As três maiores empresas varejistas do país já trabalham para extinguir ou diminuir o uso de sacolas e oferecem alternativas aos clientes.

 

O Carrefour tem como meta banir as sacolinhas em quatro anos. Para isso, vende sacolas retornáveis e oferece caixas de papelão para o transporte de compras.

 

O Pão de Açúcar tem estratégia similar, e bonifica os clientes de seu programa de fidelidade que não usarem sacolas plásticas.

 

Já o Walmart dá desconto em produtos e tem caixa preferencial para quem não usa os sacos. A empresa pretende reduzir em 50% o uso do plástico em três anos.

 

Custo do produto - O custo com as sacolas - que varia de 0,3% a 0,7% do faturamento bruto, segundo a Apas, pode encarecer o produto na gôndola, já que os varejistas o repassam ao consumidor. "O cliente esquece que está pagando por isso", explicou Morando.

 

Segundo o Procon, o varejo pode cobrar pelas sacolas para desestimular o uso, desde que informe os consumidores previamente.

 

A redução de custo decorrente da diminuição do uso das sacolas, disseram as redes, é revertida em ações de sustentabilidade, como a colocação de estações de reciclagem nos pontos de venda.

 

"Bode expiatório" - Relatórios sobre a composição do lixo no Brasil mostram que as sacolas plásticas representam parte pequena do que é descartado. Das 61,5 milhões de toneladas de lixo produzidos ao ano, 789 mil são sacolas: 1,3%.

 

Mesmo só entre os plásticos, elas não representam mais do que 35% do total jogado fora. Os números, do "Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil", da Abrelpe (associação de empresas de limpeza pública), batem com estudos de outros países.

 

Cientistas vinculados ao governo australiano, por exemplo, concluíram que 60% das sacolas são reutilizadas para colocar lixo (especialmente as sacolas de mercado, mais frágeis) ou para transportar outras coisas (as de loja, mais fortes).

 

O receio é que, caso as sacolinhas fossem vetadas, o bônus ambiental seria perdido. Foi o que aconteceu na Irlanda, que cobra pelas sacolas desde 2002. A venda daqueles sacos pretos de lixo (mais danosos ao ambiente porque mais energia é gasta para fazê-los) subiu 400%.

 

Uma sugestão era que as sacolinhas fossem trocadas por sacos de papel - o plástico demora mais de 100 anos para se decompor, e o papel, cerca de seis meses -, que são ruins para pôr lixo, pois molham e podem rasgar.

 

Para o especialista em desenvolvimento sustentável da Universidade de Brasília (UnB), Alexandre Maduro-Abreu, "diminuir impacto ambiental é bom", mas as sacolas viraram bode expiatório. "São um grão de areia na praia, mais importante é o que você carrega nelas."

 

Para substituir as sacolas plásticas, há as biodegradáveis, feitas a partir de amido de milho, que se decompõem em poucos meses, mas a demanda pode aumentar o preço do alimento.

 

Existem as sacolas oxibiodegradáveis (com metal na composição), mas estudos indicam que elas não desaparecem por completo.

 

Uma alternativa é aumentar a reciclagem das sacolas. Por serem impermeáveis, elas ajudam a entupir a rede de esgoto e causam danos à vida marinha. (FP)

 

Veículo: Diário do Comércio - MG

 

 


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