Alternativas ao uso de sacolas de plástico

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No dia 21 de fevereiro, ocorreu um evento na sede do Movimento das Donas de Casa de Belo Horizonte-MG, onde foi firmado o Termo de Cooperação à Lei Municipal 9.529/08, entre as entidades representativas do comércio e o prefeito de Belo Horizonte, sr. Márcio Lacerda, prevendo a proibição do uso de sacolas plásticas e sacos de lixo plásticos no município. Na ocasião, foram apresentadas as peças da campanha publicitária deflagrada pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte para conscientizar os cidadãos, mostrando as embalagens e meios para embalamento das compras doravante, nas quais os grandes ausentes eram os sacos e sacolas de papel, isto porque os cartazetes, folders e anúncios da campanha estampavam fotos de praticamente todos os tipos de embalagens, exceto sacos e sacolas de papel.

 

Será que ninguém conhece ou conheceu as aplicações dos sacos e sacolas de papel? Estranho e intrigante.

 

Entretanto, embora desprezados, os fabricantes de sacos e sacolas de papel compareceram ao evento levando amostras de Ecobag e Ecobag/plus e Lixeco, marcas registradas no Inpi por uma das fabricantes Mineiras, a Imballaggio, e que representam hoje a solução universal mais utilizada para o embalamento de produtos comprados no comércio, e consagradas como uma boa solução econômica e a melhor em todos os atributos ecológicos.

 

Sabe por que os sacos e sacolas de papel são uma boa solução econômica e a mais ecologicamente correta?

 

- Porque um único saco de papel, pela facilidade de manuseio e racionalidade do seu uso, e maior capacidade volumétrica, substitui cerca de 5 a 6 sacolinhas plásticas, fazendo com que seu custo de R$ 0,18 fique muito próximo do custo de 5 sacolas plásticas ordinárias a R$ 0,03 cada.

 

- Porque os sacos e sacolas de papel são as únicas de todas as embalagens existentes que reúnem em si os 4 atributos fundamentais de uma embalagem ecologicamente correta, porque são concomitantemente: 100% renováveis porque sua matéria-prima vem de florestas plantadas pela mão do homem, renovável a cada 7 anos; 100% recicláveis porque são inúmeras vezes coletadas e recicladas; 100% biodegradáveis porque, quando dispersas no meio ambiente, são absorvidas pelos microorganismos presentes no solo e nas águas; 100% compostáveis porque, quando misturadas com o lixo, tornam-se material orgânico e podem ser usadas como adubo.

 

- E além de tudo muito econômicas, devido ao seu uso racional, pois param de pé no caixa do comércio e permitem seu preenchimento com racionalidade, obtendo um melhor aproveitamento de volume e com muito mais agilidade e rapidez, aumentando a velocidade de atendimento aos clientes.

 

- Porque 100% da produção de celulose e papel no Brasil advém de florestas plantadas pela mão do homem para esta finalidade. Essas florestas ocupam em sua grande maioria áreas devolutas, impróprias para a atividade agrícola e de pastoreio e que com a sua fotossíntese sequestram o carbono da atmosfera, fixam-no nas plantas e liberam o oxigênio puro vital para a nossa vida. Para cada 5 hectares de florestas plantadas, é preservado quase 1,5 hectare de mata nativa.

 

Por que então as entidades que congregam o comércio varejista de Belo Horizonte e as autoridades do Executivo municipal - deduz-se, tão bem assessorados tecnicamente - apoiaram a montagem de uma operação internacional de importação do caro plástico derivado do milho - PLA-Ácido Polilático - cuja oferta mundial é ínfima e acharam que esta era a melhor solução para o meio ambiente e os consumidores, que unicamente foram chamados a engolir goela abaixo estas sacolas a R$ 0,19 produzidas por um cartel de empresas?

 

Por que os mesmos atores acima apoiam a venda - aos incautos consumidores desinformados e de boa-fé - das sacolas ditas retornáveis vendidas aos consumidores a no mínimo R$ 1,98, embora importadas da China e da Índia a aproximadamente R$ 0,60, esquecendo que estão ajudando a pagar salários em outros países e não aqui onde se encontram seus consumidores?

 

Por que apoiaram com cartazes a troca das sacolinhas pelas opções eleitas e incluíram as caixas de papelão ondulado? E carrinhos de feira?!?! Uai! Caixa de papelão usada pode. Mas não é papel?

 

Saibam todos que as caixas de papelão a que se referem são caixas já utilizadas, muitas das quais contaminadas e impróprias para contato com alimentos e que estão sendo doadas (isso mesmo doadas) aos consumidores. Por enquanto, pois amanhã, quando o preço das sucatas e aparas de papel subirem no mercado, o que acontecerá? A quem reclamar? Eram doadas. E os carrinhos, não são portáteis com facilidade, né? Brincadeira.

 

Acham seriamente que com esse arsenal vão vencer esta guerra ambiental num mundo que exige praticidade acima de tudo e liberdade de escolha?  muito cinismo ou excessivo otimismo.

 

O comércio está sofrendo da síndrome do governo deste país, que trata a todos os contribuintes como parvos, de quem escamoteiam direitos e impõem deveres descabidos. Mas pera aí. O consumidor pelo menos neste caso tem o direito de escolher dentre os fornecedores aquele que respeita mais os seus direitos, não é mesmo? Muito bom, quisera tivéssemos a mesma facilidade de demonstrar insatisfação com a ética do governo.

 

Por isso especulo até quando o consumidor vai tolerar pagar por estas embalagens que estão lhe sendo impingidas e cuja obrigação de provimento é do comércio. , e sempre foi! Está no custo de tudo que vendem como a energia elétrica e o salário dos funcionários.

 

Pode-se e deve-se defender a utilização das sacolas de palha de milho, sisal, juta, corda, barbante, lona etc., pois são todas realmente ecológicas, porquanto são de fonte renovável, são biodegradáveis e compostáveis, embora de impraticável reciclabilidade. Entretanto, fazer apologia do uso de sacolas de ráfia de polipropileno, de nylon, poliéster e outros materiais plásticos, sob a desculpa de serem retornáveis, é desconhecer a regra número um do ciclo de vida de um produto, pois amanhã elas estarão no lixo, dificultando da mesma forma a sua reciclagem, visto não serem biodegradáveis nem compostáveis, nem advirem de fontes renováveis. Uma bomba menor que estão empurrando para explodir no futuro. Além de não serem práticas de se portar e nem de se utilizar.

 

Imaginem a cena: iogurte e manteiga em tablete, misturados com sabão em pó, água sanitária e detergente, banana e abacaxi. Que abacaxi! Por isso é que, quando os supermercados nasceram, passaram a utilizar sacos de papel. Para separar os grupos de produtos, facilitando a vida do consumidor. Esqueceram-se disto também?

 

Ah! E as sacolas e mochilas ficavam nos porta-objetos para se evitarem furtos. Agora poderão entrar. Até quando? Até um dia em que algum segurança ficar em dúvida se aquela sacola que está saindo vazia com o consumidor realmente está vazia. Como se desfechará este constrangimento, que tantas vezes aconteceu no passado? Parece que disto também se esqueceram.

 

A verdade, consumidores, é que estão complicando demais as coisas, para fugirem da obrigação que têm para com o seu cliente.  muita desfaçatez e ladineza o que estão fazendo. Estes atores posam de apoiadores das ações ambientalistas, mas desconhecem o que se usa no mundo inteiro, e ainda aproveitam para faturar em cima dos incautos consumidores, que de boa-fé acham que estão contribuindo para a causa ambientalista.

 

 engodo atrás de engodo e aqueles que deveriam defender os consumidores se omitem. Em todas as esferas e instâncias.

 

Vem de agora uma importante fabricante de resinas plásticas nacional anunciar com estardalhaço que está produzindo uma resina de origem "renovável". Jogando o termo na salada geral da confusão ambientalista que poucos consumidores conseguem distinguir.

 

Saibam que o citado plástico derivado da cana-de-açúcar - polietileno - foi inventado, produzido e muito utilizado no Brasil na década de 70/80, no auge da crise do petróleo, quando o Brasil produzia 15% do seu consumo de petróleo e os preços tinham explodido a cerca de 27 dólares o barril! Portanto, não é novidade. E é plástico mesmo assim, polui do mesmo jeito e não é biodegradável, nem compostável, embora seja reciclável.

 

Também recentemente o vereador que propôs o projeto que se transformou na Lei 9.529/08, que de tão mal proposto teve 8 de seus 11 artigos vetados, se transformando numa lei dependente do projeto da sua regulamentação, diga-se de passagem confusa, vai propor uma nova lei autorizando o uso de sacolas oxi-biodegradáveis. Santo Deus! Ignorância ou interesses comezinhos?  tanta falta de visão e conhecimento que cheira mesmo a tudo isso junto.

 

As sacolas produzidas com a matéria-prima com o título acima descrito, cujos radicais oxi e bio são redundantes num processo de degradação, e que foi assim denominado para parecer que é o que na verdade não é, são feitas de polietileno de alta densidade (Pead ou HDPE), que durante o processo de extrusão (balão) tem adicionada uma resina patenteada, cuja função é promover a quebra da ligação das cadeias poliméricas do material, na presença de luz, dentro de um prazo estimado de 180 dias.

 

Portanto, viram fragmentos de difícil coleta e fácil ingestão por pequenos animais e têm grande potencial de contaminação de solos e águas. E não são recicláveis.  preferível o plástico comum.  menos castigo para o meio ambiente, pelo menos um dia podem ser encontrados e coletados inteiros.

 

Concluindo: é um material de origem não renovável, pois vem do petróleo, não são biodegradáveis, pois os microorganismos não o absorvem, não são compostáveis, pois fragmentam-se e contaminam mais o solo, e não são recicláveis, por causa da resina adicionada.

 

Então, resta aos consumidores levarem de casa as suas sacolas de lona, barbante, palha de milho, sisal, juta, corda, bambu etc., carrinhos de arame e sacos ou sacolas de papel, além das caixas de papelão doadas, porque as outras opções, não contaram aos consumidores, por ignorância, desídia ou interesses comezinhos, que são ambientalmente condenáveis. Todas. Totalmente.

 

A campanha veiculada com tanto estardalhaço não informou ao consumidor e cidadão que existe sim um material, que já foi muito usado antes do plástico e que ainda hoje é amplamente utilizado no mundo industrializado e que se chama papel. Utilizado para a fabricação de sacos e sacolas.

 

Pesquisas realizadas nos EUA, onde hoje as embalagens oriundas da chamada matriz celulósica, como os sacos e sacolas de papel, caixas de papelão e polpa moldada, estão presentes em 85% das empresas industriais e comerciais - e que são gratuitas para os consumidores - e pesquisa recente efetuada em São Paulo permitem concluir pela grande aceitabilidade dos sacos e sacolas de papel, com uma redução enorme do consumo unitário de sacos por compra média, e diminuição considerável do impacto de custo dos sacos e sacolas de papel por compra-cliente, dada a versatilidade do papel.

 

Além de movimentar um setor da indústria genuinamente brasileira, que gera postos de trabalho desde as florestas, passando pelas indústrias de celulose, papel e embalagens e desembocando no exército de catadores de papel que ajudam na coleta para reciclagem.

 

Se você quiser saber mais sobre o assunto para achar a resposta às perguntas acima, escreva-nos e teremos imenso prazer em colocá-lo na pista deste grande enigma ambiental!

 

*ANTONIO EDUARDO BAGIO*. Diretor da Imballaggio, presidente do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel e Papelão no Estado de Minas Gerais (Sinpapel), diretor-adjunto da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), membro da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), presidente da Associação das Empresas do Condomínio Industrial do Papel de Lagoa Santa-MG (Ascipapel), presidente da Câmara da Indústria de Base Florestal da Fiemg

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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