Proibição das tradicionais sacolas plásticas no comércio de Belo Horizonte abriu novas oportunidades de negócios para as empresas do ramo, que precisaram se adequar
Não apenas os ambientalistas e a natureza comemoram o sucesso da Lei 9.529/08, que aboliu as sacolas convencionais do comércio de Belo Horizonte. A norma também agradou aos donos de supermercados, que passaram a vender cada embalagem biodegradável por R$ 0,19, e aos produtores de sacos plásticos para o lixo caseiro. O fim da distribuição das tradicionais sacolinhas brancas no varejo da capital acabou com o custo dos supermercados – cada unidade saía a R$ 0,01 – e obrigou as famílias a gastar com os sacos plásticos para armazenar o lixo. Estatística da Associação Mineira de Supermercados (Amis) revela que, entre 18 de abril, quando a regra entrou em vigor, e 18 de junho, as vendas dos sacos plásticos avançaram 15% na cidade, mas há fabricantes que aumentaram a produção em 20%. Outros aproveitaram a demanda aquecida para entrar no ramo, abrindo vagas de emprego.
Há um mês, Reinaldo Menezes, dono da Rafisa Comércio e Indústria de Reciclagem Ltda, especializada em transformar “lixo” em matéria-prima para as produtoras de plástico, decidiu apostar na fabricação de sacos biodegradáveis. Desde então, contratou oito pessoas. “Produzimos 20 toneladas por mês, mas a meta, daqui a três meses, é alcançar 40 toneladas”, disse o empresário, acrescentando que deverá empregar mais pessoas. Por enquanto, toda a produção é destinada a clientes que já compravam sua matéria-prima para transformá-la em sacos plásticos: “Faço as encomendas com as marcas dessas empresas”. Sua produção será duplicada com a fabricação de embalagens com a marca própria.
Quem já comemora os ganhos com a marca própria e Oswaldo José de Faria, proprietário da Plastipam. Ele avalia que, desde a abolição das sacolas plásticas convencionais no comércio de Belo Horizonte, o volume de vendas avançou “cerca de 20%”, principalmente da chamada embalagem tradicional, de 15 litros, usada principalmente em lixeiras de pia e banheiro. “Não precisei contratar mais funcionários, mas o aumento sobrecarregou os empregados”, admitiu o empresário.
ECONOMIA O Sindicado da Indústria do Material Plástico do Estado de Minas Gerais (Sinplast-MG) não tem estatística do aumento das vendas e da produção das sacolas destinadas ao lixo, mas um levantamento feito pela Amis acerca da quantidade de sacolas convencionais que deixaram de circular nas empresas do setor na capital ajuda a dimensionar o lucro. Tanto de quem produz os sacos para lixo quanto para os supermercados. Segundo a Amis, 450 mil unidades/dia foram retiradas de circulação. Como o custo de cada uma girava em torno de R$ 0,01, os supermercados deixaram de gastar, mensalmente, R$ 135 mil. No ano, a conta sobe para R$ 1,6 milhão.
O mesmo estudo apontou que, na primeira semana da Lei 9.529/08, 60% dos consumidores compraram a sacola biodegradável, vendida a R$ 0,19 a unidade. Atualmente, 5% adquirem a embalagem. A maioria das pessoas, ainda de acordo com a Amis, leva a compra para casa em sacolas retornáveis, feitas, principalmente, de tecido. Carrinhos de feira e caixas de papelão, fornecidas pelo próprio supermercado, também são bastante utilizados.
Enquanto isso... OUTROS PERDEM
Embora supermercados e produtores de sacos para lixo comemorem a lei que aboliu as sacolinhas convencionais, alguns fabricantes amargam perdas. Na Fonseca Indústria de Plásticos Ltda, em Betim, a queda na produção das sacolas chegou a 60%. “(Essa) queda e a readequação que foi necessária na empresa fecharam cerca de 20 postos de trabalho”, contou o gerente, Jamil El Bizri. Para compensar a perda, a Fonseca começou a produzir a sacola biodegradável, que, “no atacado, custa de R$ 0,10 a R$ 0,11”. Portanto, o supermercado, padaria ou outro estabelecimento que compram o produto no atacado e o vendem por R$ 0,19 ao consumidor lucram mais de 80%.
Veículo: O Estado de Minas