Em agosto, os leites Molico e Ninho, da Nestlé, ficarão mais "verdes". A embalagem Tetra Pak da versão líquida dos produtos vai ter uma tampa de plástico feita a partir de derivados da cana-de-açúcar. A tecnologia é desenvolvida pela Braskem.
O custo da tampa verde é 10% superior ao da tradicional, segundo a Tetra Pak. A Nestlé garante que, apesar disso, o preço ao consumidor permanecerá igual. A intenção é usar a tampa de "plástico verde" em outros produtos, mas a empresa não divulga quais. "Para nós, é uma diferenciação no negócio. A gente gostaria que o consumidor da Nestlé estivesse um passo à frente", diz Pablo Devoto, vice-presidente de lácteos e cereais da fabricante de alimentos no Brasil.
"Parece uma coisa pequena, mas representa um grande esforço das três empresas", afirma Eduardo Eisler, vice-presidente de Estratégia de Negócios da Tetra Pak. "Estamos buscando chegar a um produto 100% renovável". As caixinhas, por sua vez, já são feitas com 75% de matéria-prima de fontes renováveis.
A Braskem inaugurou em setembro de 2010 uma fábrica no Rio Grande do Sul para fabricar 200 mil toneladas do "plástico verde". A tecnologia já foi adotada por outros segmentos da indústria, como o de higiene pessoal e de cosméticos. "A demanda é crescente", afirma Marcelo Nunes, diretor de negócios químicos renováveis da Braskem.
Neste fim de semana, a Nestlé começa a divulgar a nova tampa, com propagandas em mídia impressa e ações no varejo.
Há mais de 50 anos no mercado brasileiro, só em 2009 as duas marcas de leite em pó tiveram versões líquidas. Ainda este ano, a Nestlé vai inaugurar uma planta em Três Rios (RJ), para atender à crescente demanda dos dois produtos. Devoto afirma que as vendas do leite Ninho UHT ultrapassaram as expectativas. "Ele ingressou em lares onde a marca era conhecida, mas ainda não era consumida", diz. Segundo o executivo, o produto ganhou 5 milhões de residências.
O mercado brasileiro de leite UHT (conhecido como longa vida) cresceu 5,2% em volume entre 2009 e 2010. A penetração do produto no país é de 87%. O segmento de leites "premium", que inclui o Ninho e o Molico, representa 3% do mercado total de leite UHT.
Pesquisa realizada pela consultoria GfK a pedido da Tetra Pak, em São Paulo e Porto Alegre, mostra que as pessoas estão se importando mais com a sustentabilidade. Para os entrevistados, o atributo "amiga do meio ambiente" tinha uma importância de 3% entre as características de uma embalagem em 2009. Neste ano, cresceu para 6%. "O consumidor quer saber cada vez mais quem está atrás do produto e o que está fazendo", diz Devoto.
A Nestlé não é a primeira a usar material derivado de cana em uma embalagem alimentícia. A Coca-Cola lançou em março de 2010 suas "plant bottles". Garrafas PET de Coca-Cola de 500 ml e 600 ml feitas com 30% de cana-de-açúcar são vendidas em 11 Estados do país e o plano da empresa é levá-las a todo o mercado brasileiro.
Veículo: Valor Econômico