A filial brasileira da Danone é a que tem mais conseguido reduzir a sua "pegada ambiental" dentre todas as 45 fábricas mundiais da companhia. De 2008 para cá, quando a matriz francesa anunciou metas de sustentabilidade, a fábrica de Poços de Caldas (MG), terceira maior do mundo, tem diminuído a uma média de 10% ao ano o volume total de gases poluentes que joga na atmosfera.
Pelo calendário mundial, todas as fábricas da empresa deverão reduzir emissões de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento do planeta, em 30% no período de 2008 a 2012. "Estamos contribuindo mais que a média mundial. Ninguém conseguiu reduzir tanto as emissões quanto nós por aqui", diz Mariano Lozano, presidente da Danone Brasil.
Reduzir a pegada ambiental parece tão importante para Lozano quanto dobrar o faturamento da companhia e chegar aos R$ 2 bilhões até 2012, missão assumida quando ele chegou ao país. Isso porque um terço do bônus anual concedido aos gerentes da Danone passou a estar atrelado também ao desempenho socioambiental da empresa.
Lozano está se valendo de uma ferramenta que vem de mão beijada para as operações brasileiras: a substituição de sua matriz energética "suja" por fontes alternativas. A maior parte da geração de energia do país vem de origem "limpa" - da água e, mais recentemente, da biomassa gerada no processamento de cana-de-açucar e eucalipto, por exemplo.
Hoje, só 30% da energia consumida pela planta mineira para a produção de 350 mil toneladas de iogurte anualmente é obtida por meio de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Os demais 70% são gerados por três caldeiras movidas a diesel, combustível fóssil altamente poluente.
Isso vai mudar na semana que vem, quando a planta aposentar as caldeiras velhas e começar a operar uma única alimentada por cavaco de eucalipto, pó de serra, galhos e restos de pallet. Com investimento de R$ 7,5 milhões, a iniciativa contribuirá para que o país avance nas metas mundiais de redução de gases. A troca permitirá uma diminuição substancial das emissões de dióxido de carbono (CO2), o mais conhecido dos vilões do clima. Segundo a empresa, isso significará um recuo de 18 mil toneladas por ano para 800 toneladas.
"Tivemos que recorrer a um fundo da Danone, para levantar o dinheiro, porque o retorno é maior que dois anos", diz Lozano. Como o dinheiro era para uma causa central da empresa (a sustentabilidade), o empresário diz não ter tido dificuldades na aprovação.
Além da questão energética, a filial brasileira lançou, neste mês, dois de seus carros-chefes em vendas no país com embalagens "verdes". Os potinhos plásticos dos iogurtes Danoninho Leite Fermentado e Activia de 150 g agora são produzidos a partir da resina desenvolvida pela Brasken que utiliza a cana-de-açucar como matéria-prima.
A olho nu, os frascos não apresentam diferença. A distinção entre as embalagens tradicionais e as novas se dá pela introdução do selo "I'm Green". "A maior diferença está nas vantagens oferecidas ao meio ambiente com a diminuição de CO2 emitido durante o ciclo de vida dos produtos, desde a produção ao descarte", diz Lozano.
De acordo com a empresa, no caso do Activia 150g, a adoção do plástico verde representa uma redução de cerca de 20% das emissões de CO2. As do Danoninho Leite Fermentado, 30%.
Veículo: Valor Econômico