Fabricantes de produtos de limpeza já investem em linhas mais naturais e biodegradáveis para atender à crescente preocupação dos consumidores com o impacto ambiental.
Alguns fabricantes de produtos de limpeza já começam a investir em linhas mais naturais e biodegradáveis para atender à crescente preocupação dos consumidores com o impacto ambiental desses itens. Entre as práticas adotadas por quem quer ganhar o consumidor verde, estão: uso de matérias-primas de origem vegetal, opção por embalagens recicláveis e reutilizáveis e práticas industriais que refletem a preocupação com a sustentabilidade.
A Krest International, que atua há 15 anos na distribuição de fluidos hidráulicos à base de água utilizados na exploração de petróleo, entrou recentemente no mercado, com o lançamento da marca Mr.Green. A empresa investiu cerca de R$ 500 mil na compra dos direitos da fórmula à base de terpenos cítricos, desenvolvida por pesquisadores universitários. A produção ainda é pequena, de 80 mil litros por mês. "Será uma boa conquista se, daqui a um ano, conseguirmos quadruplicar as vendas", acredita Miguel Santos Neto, diretor da Krest.
De acordo com ele, as vendas da linha de produtos profissionais, existente há dois anos, aumentaram cerca de 60% no último ano, graças em grande medida a um crescimento da fiscalização do descarte de água por empresas de limpeza, que passaram a entender que pagar mais por um produto menos tóxico pode ser um bom investimento.
Para o lançamento da linha doméstica, uma pesquisa encomendada pela empresa mostrou que, em São Paulo, até 30% dos consumidores estariam dispostos a pagar entre 20% e 30% a mais por um produto ambientalmente correto. O principal desafio, agora, é chegar a esses compradores. "Entrar no varejo é muito difícil, há um 'pedágio' muito alto para conseguir espaço nas prateleiras de supermercados", relata o empresário. Por este motivo, sua aposta é nas vendas pela Internet.
A dificuldade d lidar com os grandes varejistas também é citada pela pioneira do setor, a Cassiopéia, proprietária da linha BioWash, lançada em 1995 e distribuída através de pequenas redes de supermercado e lojas de produtos naturais. A linha tem um crescimento orgânico das vendas de 10% ao ano, de acordo com Becky Weltzien, sócia-diretora da empresa. Os produtos são certificados pelo Instituto Biodinâmico, segundo a fabricante, uma forma importante de ganhar respaldo no mercado.
A pequena indústria, com 20 funcionários, mantém manual praticamente a totalidade dos seus processos fabris e busca engajar seus trabalhadores em práticas ecológicas, como a compostagem de resíduos orgânicos e a reciclagem. Segundo a proprietária, ao desafio inicial do setor, de esperar o mercado fornecer matérias primas de origem vegetal para substituir produtos químicos, sucedeu-se a necessidade de conscientização dos consumidores. "A maioria não sabe do que são feitos os produtos que utiliza, nem o impacto que eles têm. Há, portanto, um aspecto educacional paralelo à venda", afirma.
A empresa também teve de enfrentar a entrada de um grande concorrente no setor: a Bombril, que em maio de 2010 lançou a linha Ecobril, num investimento de R$ 7,5 milhões. Os produtos foram distribuídos a princípio apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas após seis meses, foi necessário abrir para o mercado nacional, por demanda dos clientes, afirma Marcos Scaldelai, diretor de Marketing da companhia. A Bombril aposta em marketing segmentado e na oferta dos produtos em lojas focadas nas classes A e B. "Mas estamos num processo de amplificação para a classe média", diz o representante da companhia.
De acordo com ele, atualmente os produtos ecológicos representam 2% das vendas da líder nacional de fabricação de lã de aço, mas a expectativa é que, em dois anos, já sejam 5% do total. Para Scaldelai, há uma vantagem em apostar no segmento: "A fidelidade é enorme: o cliente que entra nessa categoria não sai mais".
Em 2010, o setor de produtos de limpeza passou por crescimento de 11% em relação ao ano anterior, atingindo faturamento líquido de R$ 13,5 bilhões e volume de vendas de 13,8 milhões de toneladas. No período, houve um aumento de mais de 30% do gasto médio com produtos de limpeza nas idas ao supermercado. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Ablipa).
Veículo: DCI