Por Wagner Hilário
Rede catarinense Hippo foi certificada pela Zero Waste International Alliance pelo trabalho de redução na geração de lixo em suas duas lojas. Poletini, da Acats (esq.), Leslie Lukacs, da L2 Environmental, e Saqueti (dir.), do Hippo, posam para as fotos com os certificados
A Associação Catarinense de Supermercados (Acats) realizou na quarta-feira (26/10) o Seminário Internacional Experiência Lixo Zero no Varejo voltado para supermercadistas do Estado. O evento faz parte das ações que a entidade já há algum tempo tem empreendido para ajudar seus associados a se adaptarem à Lei 12.305, sancionada pelo governo brasileiro em 2010 e que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
O evento contou com o coordenador do departamento de sustentabilidade da cidade de Gotemburgo, na Suécia, Pal Martensson; a fundadora e diretora da L2 Environmental, empresa californiana de consultoria na área ambiental, Leslie Lukacs; e da especialista em meio ambiente e responsável pela área de serviços ambientais da prefeitura de San Diego (EUA), Ana Carvalho.
Todos os palestrantes fazem parte da Zero Waste International Alliance (Aliança Internacional Lixo Zero) e apresentaram exemplos de ações ambientalmente corretas que servem de exemplo para as instituições públicas e privadas do país, sobretudo os supermercados. Ana Carvalho, por exemplo, apresentou o case da rede norte-americana Albertsons, que graças à redução de consumo, reutilização e reciclagens de resíduos acrescentou à sua receita mais de US$ 3 milhões. (Leia mais na edição de novembro de SuperHiper).
Entre os palestrantes, o representante brasileiro foi o presidente da Novociclo, empresa que desenvolve produtos e serviços para solução ambiental, Rodrigo Sabatini, cuja empresa ajuda a Acats a realizar eventos classificados de lixo zero e agora trabalha para que supermercados catarinenses reduzam ao máximo a produção de lixo.
Acats
“Em 2009, antes de a lei de resíduos sólidos ser sancionada pelo governo, realizamos nossa feira e convenção sob o conceito lixo zero. Fomos muito bem-sucedidos e repetimos o modelo em 2010 e 2011”, disse o diretor-executivo da Acats, Antonio Carlos Poletini.
Poletini diz que agora a Acats está trabalhando, por meio do programa Supermercado Lixo Zero, para que as redes e lojas catarinenses adotem as políticas de redução de consumo, reutilização de recursos, reciclagem e também sejam lixo zero. A expectativa da entidade é que todos os associados adiram ao programa até 2020. Para isso, a entidade atua, realizando eventos como o seminário internacional.
Vanguarda
Apesar de tudo ainda ser muito incipiente, o supermercadismo catarinense já dá exemplo. Durante o seminário, os supermercados Hippo, de Florianópolis (SC), foram certificados pela Novociclo, pelo Instituto Lixo Zero Brasil e pela Zero Waste International Aliance. Há alguns anos a empresa trabalha para reduzir o lixo gerado em sua operação e neste ano conseguiu dar destino a 97% dos resíduos que virariam lixo na loja da Rua Almirante Alvin e, 87%, na loja da Rua Almirante Lamengo. “Queremos chegar a 100% em 2014”, diz o gestor comercial da rede, Josiano Saqueti.
O pioneirismo catarinense não para por aí. O Angeloni, nona rede do País em faturamento, segundo o Ranking Abras, já fez o diagnóstico e está implantando o conceito em suas lojas. São mais de 20 unidades. A iniciativa, ao que tudo indica, colocará o Angeloni na vanguarda do conceito lixo zero entre as empresas de grande porte do setor no País.
“É necessário mudar a concepção do que é lixo. Uma garrafa de água cujo conteúdo foi consumido não é lixo, é recurso que deve ser reaproveitado, é plástico que pode virar outro material plástico útil, como uma caixa”, diz Sabatini. Os especialistas garantem: lixo é prejuízo, reaproveitamento, lucro. A Albertsons e o Hippo estão aí para provar.