Empresas que já trabalham com programas de redução de lixo consideram que a Lei dos Resíduos Sólidos não traz metas impossíveis. De acordo com representantes da varejista Walmart e da fabricante de cigarros Souza Cruz, que participaram ontem de evento sobre o tema na Fundação Getulio Vargas, a lei apenas ampliará o trabalho que já vem sendo realizado.
A Lei Nacional de Resíduos Sólidos foi regulamentada em dezembro de 2010. Entre suas metas estão realização de coleta seletiva em todo o país, fim dos lixões até agosto de 2014 e responsabilização dos fabricantes pelos produtos pós-consumo.
O Walmart incorporou o conceito de sustentabilidade em suas atividades desde 2000, e a partir disso desenvolveu alguns programas de redução de resíduos em seus estabelecimentos. Um deles é o Impacto Zero, que visa diminuir o volume de lixo destinado aos aterros. Como resultado, no ano passado 52% dos resíduos gerados pelas atividades da rede deixaram de ir para aterros para virar ração animal ou, em caso de resíduos perigosos, tiveram destinação apropriada. "O que vai acontecer agora é que vamos ter que intensificar nossas ações", diz Felipe Antunes, gerente de sustentabilidade do Walmart.
Para tentar produzir menos lixo, a varejista também investiu em readequação das embalagens dos produtos de marca própria. Muitas das embalagens foram reduzidas ou passaram a ser feitas de material reciclado. Outros dois programas são a instalação de Pontos de Entrega Voluntária (PEV) de materiais recicláveis, hoje presentes em 80% das lojas da rede, e o incentivo ao uso de sacolas retornáveis. "A cada cinco itens que a pessoa leva sem usar sacolinhas ela ganha R$ 0,03 de desconto na compra", diz Antunes.
A Souza Cruz aumentou o volume de reciclagem dos resíduos da sua produção de 78% para 95% desde 1999. "A nova lei criou a oportunidade de ser uma balizadora, pois estávamos ficando sem referência sobre para onde avançar", diz Jorge Rodrigues, gerente de meio ambiente, segurança e saúde ocupacional da companhia.
Maior empresa de soluções ambientais do país, a Estre, dona de aterros sanitários, também considera que a Lei de Resíduos Sólidos é bem-vinda. Há cinco anos, já de olho nas mudanças que o setor deveria enfrentar, a empresa passou a focar não mais na disposição final dos resíduos - que deve ser cada vez mais reduzida - e sim na valorização deles. Isso significa trabalhar com a reciclagem e a criação de combustível a partir dos materiais. "Para nós, o lixo deixa de ser a atividade fim para virar o começo. Outra área que cresce também é a de gerenciamento dos resíduos dentro das empresas", diz Sônia Manastran, gerente de relações institucionais da Estre.
Veículo: Valor Econômico