Gerir resíduos para além das fronteiras institucionais foi a iniciativa do Walmart Brasil, vencedor do Prêmio Eco na categoria Sustentabilidade em Processos. O projeto Gestão de Resíduos tem três grandes objetivos: diminuir a destinação de lixo a aterros sanitários aos níveis máximos possíveis; reduzir embalagens em 5% em toda a cadeia de abastecimento; e reduzir em 50% o consumo de sacolas plásticas em suas unidades até 2013.
Ações complementares vêm sendo realizadas em 18 estados e no Distrito Federal, atingindo as 479 lojas do Walmart, 11 centros de distribuição e cinco escritórios. Com o projeto, toda a cadeia de valor - de fornecedores a comunidades - está mobilizada.
Camila Valverd, diretora de sustentabilidade do Walmart, comenta que no varejo gerenciar resíduos é um desafio, já que temos diferentes leis municipais. " A visão da gestão de resíduos como um processo que envolve toda a cadeia de valor do varejo e o empenho em estimular fornecedores e clientes a adotarem soluções que contribuam para o desenvolvimento sustentável é um dos principais diferenciais da proposta do Walmart".
Essa visão está alinhada à Política Nacional de Resíduos Sólidos, que estabelece como uma das preocupações a responsabilidade compartilhada entre os diferentes elos das cadeias produtivas. O modelo de gestão e a incorporação efetiva do tema à estratégia de negócios da companhia também configuram uma inovação. A gestão de resíduos é uma das oito plataformas que o Walmart estabeleceu como fundamentais para alcançar sua missão: vender por menos para as pessoas viverem melhor. Os resultados relacionados ao tema são apresentados trimestralmente à alta liderança da empresa, com a contínua revisão de metas e objetivos sempre mais ambiciosos para o alcance especialmente do propósito de reduzir ao máximo possível a destinação de resíduos a aterros sanitários.
Camila afirma que "a correta gestão de resíduos tem impactos diretos sobre os negócios e resulta em benefícios como a redução da exposição corporativa a possíveis riscos ambientais ou de reputação". Além disso, a destinação adequada dos materiais reduz substancialmente custos de transporte demandado pela operação, cujo valor oscila entre R$ 60,00 e R$ 120,00 por tonelada, de acordo com cada cidade. O reaproveitamento dos restos orgânicos e inorgânicos representa oportunidade de novos negócios, como a produção de adubo e ração animal. (N.P.
Três pilares sustentam as operações do Walmart
A busca pela sustentabilidade no Walmart é fincada em três pilares: investimento em energia renovável, reaproveitamento total dos resíduos e preferência por produtores nacionais. Com 479 lojas no Brasil, por onde circulam um milhão de pessoas por dia, o tripé ainda não está totalmente presente em todas as unidades por conta das fusões e aquisições em diferentes praças. "Mas é uma questão de tempo, já que remodelamos as lojas a cada cinco anos", diz Daniela de Fiori, vice-presidente de sustentabilidade. "Em três anos teremos 30% das lojas com energia eficiente e 40% com redução de água".
As lojas construídas a partir de 2008, segundo Daniela, já estão preparadas para o total reaproveitamento do lixo orgânico, que chega a 1 tonelada/dia num hipermercado. A redução do material encaminhado aos aterros deve chegar ao impacto zero. Cada unidade faz a própria gestão de resíduos e articula parcerias para a transformação de cada espécie. Dos resíduos orgânicos produzidos pelas lojas entre 40% e 45% são encaminhados à compostagem ou se transformam em matéria-prima de ração animal. O objetivo é também destinar parte desses resíduos para a geração de energia.
Os resíduos produzidos nas padarias das lojas, como o óleo que sobra das frituras, são transformados em base para a produção de algumas marcas de sabões disponíveis nas prateleiras. "Trabalhamos para diminuir o impacto de todos os produtos vendidos nas lojas -e são 50 mil", diz Daniela. Por conta disso, há cerca de dois anos o Walmart desafiou alguns fornecedores a reduzir os impactos ambientais em todas as fases do ciclo de vida dos produtos. Dos sete mil parceiros comerciais dez aceitaram e escolheram seus itens mais populares para participar do projeto Sustentabilidade de Ponta a Ponta.
Essas empresas mapearam suas cadeias produtivas durante 18 meses para monitorar a redução da extração de recursos naturais e a utilização de matérias-primas, de forma que, no final do processo, o resultado fosse ganho de produção e consumo consciente. Em contrapartida, o Walmart garantiu visibilidade privilegiada no ponto de vendas. Hoje esses produtos já são 27. O projeto é pioneiro no varejo e foi garantido pela parceria com o Cetea (Centro de Tecnologia e Embalagem) ligado ao Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital).
"Quando um produto líder de mercado muda seus processos, provoca um movimento que inspira todos os concorrentes", diz Daniela. Muitas vezes, porém, a diminuição do impacto do produto vem de empresas com menos acesso a informação, segundo Daniela. "Por isso, queremos incluir todos os fornecedores na busca pelo impacto zero".
"Ainda vamos chegar ao estágio em que o índice de sustentabilidade estará na etiqueta de cada produto", diz Daniela. "Não vamos conseguir o mesmo índice para todos os produtos, mas podemos ter um nível de comparação para produtos afins".
Itens produzidos por empresas nacionais e até cultivados nas proximidades onde são comercializados já representam 80% do volume de negócios da rede. "Produtos comprados de pequenos produtores ou da agricultura familiar proporcionam ganhos para a região e ainda promovem a economia com o transporte de longas distâncias", diz Daniela.
Veículo: Valor Econômico