Empresas como Coca-Cola e Owens apostam em matérias-primas sustentáveis e mais leves para facilitar a reciclagem.
A imagem de garrafas PET e sacos plásticos boiando em meio ao mar de detritos que entopem bueiros e poluem rios se tornou recorrente a cada período de fortes chuvas. Especialmente em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Isso acabou colocando diversos tipos de embalagens na lista negra dos ecologistas. O endurecimento das leis ambientais e a pressão da sociedade, aqui e no Exterior, fizeram com que diversas empresas começassem a bolar um jeito de reduzir o passivo ambiental de seus produtos. É o caso da Coca-Cola Brasil, que anunciou o lançamento da água mineral Crystal ECO na semana passada. O produto é envasado em uma garrafa totalmente reciclável e feito com 20% menos resina PET em relação à versão anterior. Além disso, graças à maior maleabilidade, ela pode ser torcida, ocupando 37% menos espaço no transporte após o consumo. “Estamos dando mais um passo em nossa estratégia global de sustentabilidade”, diz Anne Zehoul, gerente de marketing da categoria hidratação da Coca-Cola do Brasil. Apesar do incremento tecnológico, a empresa não pretende aumentar o valor de venda da água, cuja estreia acontece no Festival SWU, que acontece em Paulínia (SP), entre os dias 12 e 14 de novembro.
A Crystal ECO utiliza o mesmo material usado na garrafa de 2,5 litros do refrigerante Coca-Cola. A meta é estender, até o fim de 2014, essa tecnologia para todo o portfólio vendido no Brasil. A motivação da gigante de bebidas, no entanto, não é apenas ecológica. Ao colocar no mercado um produto com conceitos de sustentabilidade, ela busca ampliar sua força, especialmente junto aos consumidores mais conscientes. Foi o que aconteceu no Japão, onde a água mineral I-lohas, que utiliza essa embalagem, se tornou líder em apenas seis meses. Na avaliação de Miguel Bahiense, presidente do Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos (Plastivida), são iniciativas como a da Coca-Cola que fazem do Brasil um exemplo. Em 2010, o índice de reciclagem de plástico pós-consumo no País foi de quase 20%. “Se fôssemos integrantes da União Europeia, estaríamos na nona posição, à frente de países como Finlândia e Reino Unido”, afirma Bahiense. A cadeia econômica do setor é composta por 738 recicladores, que movimentaram um total de R$ 1,95 bilhão em 2010.
“Esse número poderia ser muito maior, caso as principais capitais brasileiras contassem com programas de coleta seletiva em larga escala.” Os fabricantes de plástico e as empresas que usam embalagens desse tipo não estão sozinhos. Os segmentos de papelão e vidro também aderiram à teoria segundo a qual menos pode ser mais. Uma das companhias que vêm apostando mais fortemente nesse conceito é a subsidiária da americana Owens-Illinois, dona da marca Cisper, e a maior do setor no mundo. Para atender ao pedido de clientes do segmento de bebidas e de molhos ela desenvolveu a linha Leve + Verde. Trata-se de garrafas e frascos entre 18% e 25% mais leves que as do mesmo formato. Para ingressar no nicho, a companhia desembolsou R$ 72 milhões na compra de equipamentos, no desenvolvimento da tecnologia e em testes para garantir a qualidade e a durabilidade do produto. Elas são produzidas nas fábricas que a Owens-Illionis possui em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro