Fim das sacolas plásticas gratuitas divide consumidor

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Elogios e críticas são feitos a acordo entre supermercados e governo do Estado; gerente de loja diz que houve menos tumulto


A entrada em vigor do acordo que acaba com a entrega de sacolinhas plásticas nos supermercados afiliados à Associação Paulista de supermercados (Apas) dividiu opiniões.

Muitos consumidores saíram de casa despreparados ou acabaram passando no supermercado sem planejamento e tiveram de comprar as reutilizáveis, vendidas a R$ 0,59. Outros, como os amigos Edilson Teixeira e Álvaro Guimarães, optaram pelas caixas de papelão. "A gente até sabia do fim das sacolinhas, mas não planejávamos passar no supermercado hoje", disse Teixeira, que saiu carregando quase uma dezena de garrafas de cerveja de 600 ml de uma loja na zona sul da capital paulista.

"Eu não concordo com a forma arbitrária como foi implantada a medida. Até porque não sei se esse papelão que estou levando será reciclado", diz Teixeira, que é jornalista.

Os músicos Carlos Eduardo de Castro e Igor Andrade também passaram de última hora no supermercado, junto com o amigo Lucas Azevedo. Saíram com o "lanche da tarde" na mão.

"Aprovamos a medida. O plástico é muito nocivo à natureza. Apesar de ser reutilizado, isso ocorre uma única vez e geralmente o plástico vira saco de lixo e vai parar num lixão, onde não se degrada", afirma Castro.

Já a instrutora de ioga Sueli Grillo estava indignada. "A gente sabe que a sacola está embutida no preço dos produtos. Então, das duas uma: ou se abaixa o valor das mercadorias ou se mantém a entrega de sacolinhas menos nocivas ao meio ambiente."

Para a designer Tatiana Siqueira, a adaptação será necessária, mas o consumidor perde com o fim das sacolinhas. "Eu reutilizava as sacolinhas em casa. Agora, vou ter de comprar saco de lixo."

A biomédica Cristiane Mascarenhas acha a medida "certíssima", mas ainda tenta entender como o saco de lixo pode ser melhor que a sacolinha. "A gente usa a sacola para outras coisas. Sinto-me trocando seis por meia dúzia."

O gerente de uma loja, que não quis se identificar, disse que "desta vez a implementação da medida foi menos tumultuada que em janeiro." Ele se refere ao primeiro prazo acordado entre a Apas e o governo do Estado, adiado para ontem por um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).


Em duas cidades, lei obriga fornecer sacola retornável


Ao contrário do que ocorre na maioria dos municípios paulistas, os consumidores de São José do Rio Preto e de Guarulhos não precisam levar sacolas retornáveis nem buscar alternativas para trazer as compras dos supermercados. Nessas cidades, leis municipais obrigam o comércio a entregar as sacolas descartáveis.

Em Rio Preto, a lei municipal 11.166 começou a valer justamente ontem. Ela obriga os hipermercados e supermercados da cidade a fornecer sacolas recicláveis aos seus clientes, com pena de advertência e multa inicial de R$ 3,8 mil, que na reincidência dobra e termina com a suspensão do alvará de funcionamento, se não for cumprida.

Em Guarulhos vigora a lei municipal 6.186, de 23 de outubro de 2006, que obriga os estabelecimentos não só entregar as sacolas, como a empacotar a mercadoria comprada pelo cliente. "O que fazemos aqui é cumprir a lei federal 8.078 (Código de Defesa do Consumidor), que obriga o prestador de serviço ou vendedor de produtos a finalizar as compras com qualidade", diz o diretor do Procon de Guarulhos, Jorge Wilson.

A lei municipal prevê como pena multa de até R$ 3 milhões aos comerciantes que não entregarem a sacola ao consumidor e não acondicionarem a mercadoria de forma adequada.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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