O Brasil produziu 12 bilhões de embalagens de aço em 2011. Em peso, 600 mil toneladas. Mas nem a metade, 280 mil toneladas, foi devidamente coletada após o uso e encaminhada para a reciclagem. É pouco para um material que pode ser 100% reaproveitado e que tem mercado certo: as siderúrgicas, que apenas no ano passado utilizaram 8,1 milhões de toneladas de sucatas metálicas em seu processo produtivo. Recentemente, 15 fabricantes dessas embalagens formaram uma associação, a Prolata, com o objetivo de alcançar, em cinco anos, uma taxa de reciclagem de 70% da produção anual.
Se o patamar for atingido, os fabricantes associados calculam que haverá uma redução de 4 milhões de toneladas de CO2 emitidos na atmosfera por ano. Segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cada tonelada de aço encaminhado para reciclagem poupa a extração de 1.140 kg de minério de ferro e economiza 154 kg de carvão.
Fernando Mourão, presidente da Prolata, informa que serão estabelecidos 20 centros de processamento de sucatas de aço nas maiores capitais. O primeiro, com capacidade para receber 20 toneladas diárias, está previsto para ser inaugurado em julho, em São Paulo. Teve investimento de R$ 1 milhão em um terreno na zona norte, de aproximadamente mil m2, e equipamentos como eletroímãs, esteiras de classificação, balança eletrônica e prensa hidráulica. O projeto prevê outros quatro centros de processamento na capital paulista.
Em uma segunda fase, quando tentará chegar próximo de 80% de reciclagem, a associação pretende levar os centros de processamento para o interior do país, por meio de franquias. O modelo de inspiração do Prolata foi o Reciclaço, desenvolvido pela fabricante de embalagens Cia. Metalic, que conseguiu elevar a taxa de reciclagem de latas de aço para bebidas no Nordeste de 20% em 2001 para 88%, com a ajuda de 50 mil catadores de sucata cadastrados.
Para abastecer o centro de processamento paulistano, a Prolata já está cadastrando cooperativas de catadores. Por outro lado, negocia a venda do material coletado com siderúrgicas como a Gerdau e a CSN. Mas, como diz Mourão, o desafio é estimular o consumidor a realizar o descarte correto das embalagens, por meio de sistemas de coleta seletiva, de modo que elas não sigam diretamente para lixões e aterros. "Nós temos uma boa equação econômica para a reciclagem, uma vez que as siderúrgicas nos garantem a compra de todo material que processarmos, o que não temos ainda é uma oferta adequada de sucata", diz.
Pesquisa do Ipea estima que um milhão de toneladas de aço são destinadas a aterros por ano no Brasil. O problema concentra-se principalmente entre os pequenos materiais, como embalagens de alimentos e latas de tintas.
Veículo: Valor Econômico