Pequena empresa de Blumenau abre escritório em São Paulo e aposta em peças feitas com tecido de garrafas PET
Em cinco anos, o casal Bruno e Ana Paula Sedrez transformou 4,5 milhões de garrafas de plástico na matéria-prima de um negócio lucrativo. Eles são os fundadores da Fujiro Ecotêxtil, fabricante de produtos promocionais e institucionais sustentáveis de Blumenau (SC), que acaba de abrir escritório em São Paulo.
No mercado desde 2006, a pequena empresa se especializou no desenvolvimento de camisetas, ecobags e uniformes com malha ecológica, um tecido obtido por meio da reciclagem de fibras de garrafas PET - uma camiseta é fruto de 2,5 garrafas, em média.
A iniciativa deu tão certo que em 2010 a Fujiro lançou a Econcept, uma marca própria de roupas ecológicas para o varejo com foco no público feminino e que é a grande aposta dos empreendedores para os próximos anos. "Quando soube que na Europa o consumidor paga até 100 por uma sacola sustentável da Louis Vuitton, percebi que associar uma marca ao conceito de sustentabilidade poderia dar certo", diz Bruno.
A linha de roupas ainda representa uma fatia pequena da receita da empresa, em torno de 10% - no ano passado, o faturamento foi de R$ 6,5 milhões. Mas pode chegar a 50% em quatro anos, já que, além de abrir um escritório em São Paulo, no fim de fevereiro, os empreendedores pretendem lançar uma loja virtual até 2013 e instalar quiosques exclusivos da marca em shopping centers. "O mercado de São Paulo corresponde a 60% das nossas vendas. Percebemos a força do conceito de sustentabilidade na região e, por isso, instalamos um escritório na cidade", explica Bruno. Por enquanto, as roupas da Fujiro são vendidas em lojas multimarcas.
Início. A pequena empresa nasceu de uma mescla de necessidade e senso de oportunidade do casal. Eles trabalhavam em uma fábrica de camisetas que ameaçava fechar as portas, quando Bruno, na época gerente do negócio, participou de uma feira e se encantou com o tecido resultante da reciclagem de garrafas de plástico. A falta de interesse da empresa onde ele trabalhava pelo produto não mudou a percepção do empreendedor.
Com a aproximação da Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, Bruno e a esposa deixaram o emprego e investiram o dinheiro da rescisão contratual e do refinanciamento de um carro (cerca de R$ 80 mil) na abertura de uma empresa de camisetas promocionais. Com o lucro das vendas do primeiro ano de operação, eles foram atrás dos fabricantes da malha ecológica e investiram na produção de camisetas com esse tecido.
A iniciativa chamou a atenção de grandes corporações que, na época, começavam a perceber a importância de associar a sua marca ao conceito de sustentabilidade. Com o tecido, o faturamento da empresa cresceu 81% em 2007 - de R$ 402 mil para R$ 727 mil - e não parou mais de aumentar. Este ano, a previsão é chegar a R$ 10 milhões.
A Fujiro, porém, ainda esbarra em um problema para o seu crescimento: o preço. Os produtos fabricados com o tecido de fibra de garrafa PET são até 15% mais caros do que os produzidos com os tecidos tradicionais, o que dificulta a concorrência no mercado corporativo e a conquista de novos consumidores no varejo. "Estamos investindo muito em marketing nas redes sociais para comunicar nosso conceito e os custos envolvidos no processo e que encarecem o produto, como a certificação de fornecedores", explica o empreendedor.
Veículo: O Estado de S.Paulo