Sacolas plásticas, problema ou solução?

Leia em 2min

No dia 4 de abril, os supermercados de São Paulo encerraram a distribuição das sacolinhas plásticas tradicionais aos consumidores. Mesmo que reconheça a legitimidade da iniciativa, o setor supermercadista gaúcho entende que a medida poderá se revelar prematura em um futuro próximo, já que ainda não há alternativa economicamente viável e comprovadamente eficaz para substituirmos o plástico. Mais que manter o alerta com as sacolas plásticas, devemos avaliar o problema como uma questão estrutural. É impossível, por exemplo, compararmos a estrutura da política de resíduos sólidos brasileira com as praticadas na Europa ou em outros países.

Atualmente, muito mais prejudiciais que as sacolinhas são os lixos eletrônicos e hospitalares, despejados diariamente em nosso meio ambiente. É iminente que os governos ampliem a coleta seletiva do lixo, incentivem as cooperativas de catadores e criem pontos de destinação desse material. O varejo gaúcho não foge à sua responsabilidade: há três anos, lançamos um programa de redução e reúso de sacolas plásticas que diminuiu em 20%, no período, o consumo das sacolinhas no autosserviço. Atualmente, os supermercados do Estado gastam R$ 190 milhões por ano com a aquisição de sacolas plásticas, distribuídas gratuitamente aos consumidores. Seria cômodo para o setor, portanto, defender a cobrança das sacolas para reduzir seu consumo. Mas é preciso ponderar sobre o gasto médio de R$ 15 que cada família teria na compra de embalagens para acondicionar o seu lixo doméstico. Além disso, estaríamos, na prática, apenas trocando a cor dos nossos sacos de lixo, de brancos para azuis ou pretos.

Apoiamos as embalagens retornáveis como alternativa, mas entendemos que esta opção não é, ainda, solução definitiva. O que não consideramos prudente é a adoção de um único modelo como o ideal, beneficiando uma ou outra grande multinacional que produz com exclusividade um produto que sequer tem sua eficácia comprovada. Os consumidores já entenderam a complexidade da questão e, recentemente, o Movimento das Donas de Casa do RS solicitou que os supermercados não encerrem a distribuição gratuita de sacolas plásticas. Apoiaremos qualquer solução que tenha sua eficácia e viabilidade econômica comprovadas para resolvermos esta questão, mas, enquanto isso, as sacolas plásticas seguem sendo muito mais solução do que problema para o cotidiano dos gaúchos.

Antônio Cesa Longo - Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas)


Veículo: Zero Hora - RS


Veja também

Verde

As lojas da rede Zaffari e Bourbon já estão utilizando sacolas produzidas em polietileno verde, tamb&eacut...

Veja mais
Sem sacolas, venda de saco de lixo cresce 15% em BH

Um ano após a proibição das sacolinhas no comércio de Belo Horizonte, a venda de sacos de li...

Veja mais
Cerveja Verde?

Não, não se trata de um novo produto, importado ou nacional… o título acima refere-se aos cu...

Veja mais
São Paulo ganha associação para reciclar sucata

O Brasil produziu 12 bilhões de embalagens de aço em 2011. Em peso, 600 mil toneladas. Mas nem a metade, 2...

Veja mais
Bactérias retornáveis

Análise de ecobags de cem consumidores feita em laboratório a pedido da Folha mostra que a maioria cont&ea...

Veja mais
Fim das sacolas plásticas gratuitas divide consumidor

Elogios e críticas são feitos a acordo entre supermercados e governo do Estado; gerente de loja diz que ho...

Veja mais
Consumidor reclama no 1º dia sem sacolinha plástica em SP

Os consumidores que foram às compras ontem levaram embalagens retornáveis de casa, mas muitos ainda reclam...

Veja mais
São Paulo é exemplo para todo o Brasil na substituição das sacolas

Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente...

Veja mais
Reeducação é nova bandeira contra as sacolas de plástico

A partir de hoje os supermercados de São Paulo deixam de disponibilizar as sacolas plásticas que sã...

Veja mais