A utilização das caixas de papelão nos supermercados podem estar com os dias contados. A Câmara Municipal de São Paulo discute um projeto de lei que proíbe a reutilização dessas embalagens para transportar as compras. A alegação é que há risco de contaminação. A caixa passou a ser adotada por clientes após os supermercados de São Paulo deixarem de distribuir sacolas plásticas no Estado.
O projeto de lei do vereador Francisco Chagas (PT) passou pela Comissão de Constituição e Justiça e prevê punição de R$ 108 mil para quem descumprir a medida. “Não é preciso ser um especialista para saber que essas caixas ficam depositadas em galpões onde passam roedores e insetos. Uma parte delas transporta inseticidas e produtos de limpeza. Como o consumidor poderá ter certeza de que aquela caixa de papelão não foi contaminada?”, disse o autor do projeto.
Ontem (dia 14), a proposta foi discutida em audiência pública na Câmara Municipal. Houve maciça presença do lobby a favor das sacolas plásticas. A única voz contrária à proibição das caixas de papelão foi do arquiteto Vital de Oliveira Ribeiro Filho, da Divisão de Meio Ambiente do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo (CVS-SP). “A tese de contaminação alimentar é frágil. Os níveis de contaminação das caixas são baixíssimos. Os balcões, embalagens e até nossas mãos possuem mais bactérias”, explicou.
Estudo feito pela empresa Microbiotécnica, a pedido da Plastivida (Instituto Socioambiental dos Plásticos), apontou que 80% das amostras de caixa de papelão apresentavam coliformes totais, 62%, coliformes fecais e 56%, E.coli, além de fungos, bolores e leveduras. Já nas sacolas plásticas analisadas não foi encontrada a presença de coliformes, enquanto que 58 % das sacolas retornáveis de pano tinham coliformes totais. “Não afirmo que os alimentos estão contaminados, mas há um risco de contaminação. Por que vamos expor o consumidor a esse risco se as sacolas são mais seguras?”, defendeu o presidente da Plastivida, Miguel Bahiense.
A médica veterinária Angela Maria Branco, especialista em saúde pública, disse que o risco de contaminação é questionável. “Tudo que a gente toca é contaminado por bactéria. O papelão não vai apresentar mais riscos”, afirmou.
O projeto vai tramitar agora pelas comissões de Administração Pública, Saúde e, por último, Finanças e Orçamento. “Ele pode ser aprovado nas comissões sem necessidade de ir a plenário, depende dos vereadores”, disse Chagas. Procurada pelo JT, a Apas (Associação Paulista de Supermercados) não respondeu.
Veículo: Jornal da Tarde