As garrafas de vidro estão de volta

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Inovação no mercado: o inventor e empresário Walt Himelstein desenvolveu um tipo de garrafa de vidro, da marca PURE, que, segundo ele, não estilhaça se cair no chão


Garrafas de água feitas de vidro: que ultrapassado! Plástico é tão conveniente; metal é tão legal!

Mas agora, de volta para o futuro, o vidro está novamente na moda. E, em parte, isso se deve a um empresário que está desenvolvendo uma garrafa de vidro retornável que é difícil de quebrar e não estilhaça quando se choca com algo.

A mudança de garrafas de plástico e metal para garrafas de vidro retornáveis, que começou a ocorrer há alguns anos, está se tornando um bom negócio, segundo varejistas dos Estados Unidos. "Eu diria que as garrafas de vidro são responsáveis por um total de 20% a 30% das vendas de garrafas em nosso site", afirmou Vincent Cobb, fundador do reuseit.com, que vende uma grande variedade de produtos retornáveis. "Cada vez mais pessoas estão procurando o vidro."

O interesse não se limita às garrafas de água. Os consumidores temem que substâncias químicas utilizadas nas embalagens possam contaminar os produtos que eles comem e bebem, e isso está levando um número cada vez maior de produtores de bebidas e alimentos a utilizar embalagens de vidro, afirmou Lynn Bragg, presidente do Instituto da Embalagem de Vidro, uma associação de empresas. "Elas também estão procurando por produtos sustentáveis para se tornarem ecologicamente responsáveis."

A Coca-Cola está aumentando a distribuição dos seus produtos – Coca-Cola, Diet Coke, Coca Zero e Sprite – vendidos em pequenas garrafas de vidro, e a S.C. Johnson agora vende uma linha de recipientes Ziploc reutilizáveis chamada VersaGlass, que pode ser utilizada em fornos de micro-ondas, freezers e, sem a tampa, até mesmo em um forno a 400 graus. "Faz parte de nosso esforço coletivo aumentar a diversidade de embalagens para que as pessoas tenham maiores escolhas de embalagens e tamanhos de porção", afirmou Susan Stribling, porta-voz da Coca-Cola.


Pesquisa indica que antigo material ganha espaço em relação ao plástico



Pesquisa – Ninguém acredita que o vidro irá substituir o plástico em um futuro próximo. Mas pesquisa realizada com mais de 4 mil consumidores neste ano pela EcoFocus Worldwide, um grupo de consultoria, revelou que 37% das pessoas estavam muito ou extremamente preocupadas com os problemas de saúde e segurança causados pelo plástico utilizado para embalar água e alimentos. Em 2010 o total era de 33%. A EcoFocus também descobriu que 59% dos consumidores consultados utilizavam garrafas de água retornáveis sempre ou frequentemente. Em 2010 o total era de 56%.

Em uma pesquisa menor, envolvendo cerca de 2,5 mil pessoas, 42% afirmaram ter parado de beber água de garrafas de plástico ou que estavam fazendo isso com menor frequência. Apenas 8% das pessoas utilizavam garrafas de vidro.

A maior preocupação dos consumidores tem sido o bisfenol A, ou BPA, um produto químico industrial similar ao estrogênio, utilizado em alguns plásticos e nas camadas protetoras colocadas no interior de algumas embalagens metálicas para alimentos e bebidas. As preocupações em relação à substância química levaram algumas das fabricantes de embalagens metálicas a deixar de utilizá-lo. O BPA não pode ser removido do plástico.

Os defensores dizem que isso não seria problema com o vidro. "Sinceramente, eu estou surpreso, mas nos dias de hoje, um grande número de pessoas está fazendo pesquisas e tem muito conhecimento sobre os prós e os contras dos diversos tipos de embalagens", afirmou Gary Godbey, gerente da Trohv, uma loja de artigos para casa em Baltimore, que foi a primeira a vender um novo produto – a garrafa de vidro PURE – que resolveu a principal desvantagem do vidro: o fato de que ele se quebra.

O perigo do vidro quebrado levou muitas academias, estúdios de ioga e outros lugares a banir as garrafas de vidro. Mas Walt Himelstein, um cientista que se transformou em empresário após desenvolver a garrafa PURE, espera mudar essas regras.

Garrafas retornáveis de vidro geralmente utilizam um rótulo plástico de proteção. Os rótulos na maior parte dos modelos têm furos que permitem que o conteúdo da garrafa seja visto, mas através dos quais o vidro quebrado pode escapar.

Algumas empresas de bebidas fizeram experiências com garrafas de vidro revestidas com plástico, mas a maior parte desistiu porque os consumidores nem sempre eram capazes de dizer se a garrafa estava quebrada.

Himelstein afirmou que suas garrafas são diferentes. Elas são protegidas por um revestimento transparente desenvolvido por ele. Caso a garrafa rache, o revestimento a mantém coesa.

Ele trabalhou com revestimentos para vidro quando era químico ambiental na General Physics Corporation, em Maryland. Naquela época, ele se perguntava se poderia encontrar algo parecido e que pudesse proteger os consumidores de cortes quando as garrafas retornáveis de vidro se quebrassem.

"Materiais perigosos eram entregues em garrafas de vidro com um material que cobria seu exterior", afirmou Himelstein, que vive na região de Baltimore. "Se uma cobertura pôde ser desenvolvida para embalagens de materiais perigosos, eu me perguntei, por que o mesmo não poderia ser feito para garrafas de água?"

Ele acreditou que o mais difícil já estivesse feito quando inventou o revestimento – até tentar encontrar uma empresa que produzisse as garrafas. "Só existem cerca de uma dúzia de empresas que fabricam garrafas de vidro e eu liguei para todas elas", afirmou Himelstein. "Elas todas foram muito simpáticas, mas tudo o que me disseram foi: 'Bom, vamos produzir 18 milhões de garrafas de cerveja neste mês, 20 milhões de garrafas de ketchup no mês que vem, e depois faremos 40 milhões de garrafas de refrigerante. Você quer que nós cortemos esse fluxo e fabriquemos 20 mil garrafas para você?'"

China – Ainda que ele quisesse fabricar o produto todo nos Estados Unidos, Himelstein precisou recorrer à China.

Quase dois anos depois de começar, ele finalmente possuía um produto que poderia ser vendido. Entretanto, se encontrar alguém que fabricasse garrafas foi complicado, conseguir alguém que as vendesse seria ainda pior. Ele não conseguiu vendê-las para redes de hotéis, grandes distribuidoras, lojas em campi universitários, enfim, para nenhum grande ponto de distribuição.

"Eu produzia apenas um ou dois tipos de garrafa", afirmou Himelstein. "Foi difícil chamar a atenção das pessoas."

Ele encontrou o mesmo problema quando procurava investidores para expandir sua linha de produtos. Mas sua sorte mudou em março, durante um evento em Chicago, quando ele conheceu Marc Heinke, presidente e diretor executivo da Precidio Design, uma empresa canadense que há muito tempo tinha como principal negócio a fabricação de utensílios de mesa feitos de melamina.

Heinke estava em meio ao processo de venda de sua empresa para se concentrar unicamente naquilo que ele chama de "hidratação", ou seja, a armazenagem e a preservação de todo tipo de líquido, e ele estava em busca de uma grande novidade.

"Walter inventou uma solução para o maior problema do vidro: o fato de que ele se quebra", afirmou.

Himelstein e Heinke estão fazendo planos para expandir as vendas da garrafa PURE, contando com os contatos comerciais de Heinke, que incluem varejistas como a Lulu Lemon, e sua longa experiência em marketing. Eles já projetaram uma garrafa PURE adaptada para lancheiras, diferentes tipos de tampas, novas cores e rótulos. "Além disso, existe o mercado promocional", afirmou Heinke demonstrando esperança no ramo de "logotipos corporativos, clubes esportivos, símbolos de estúdios de yoga".

 
Veículo: Diário do Comércio - SP


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