Lucros recicláveis

Leia em 3min 30s

A lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que será regulamentada até 2014, gera expectativas positivas para o mercado de reciclagem, pois determina que indústrias, empresas, consumidores e até municípios encontrem soluções para seu próprio lixo.
 
O Brasil gera hoje 243 mil toneladas de lixo por dia, o equivalente a 45 mil caminhões, e a estimativa é que apenas 8% deste total seja reciclado. Os negócios que envolvem o setor estão sendo discutidos na 7ª edição da ExpoSucata – Feira e Congresso Internacional de Negócios da Indústria da Reciclagem, que começou ontem e termina amanhã no Centro de Exposições Imigrantes, na capital paulista.
 
O diretor da Eco Brasil, empresa organizadora da feira, Adriano Assi, diz que o mercado de reciclagem e de lixo está em crescimento e virou até tema novela, mas na prática tem um longo caminho a percorrer. "Desde a aprovação da lei de resíduos, apenas 10% dos municípios brasileiros desenharam um plano de gerenciamento. Eles precisarão decidir o que fazer, já que a lei determina que os mais de 4,5 mil lixões do País serão fechados", afirma. Segundo ele, o mercado de reciclagem movimenta R$ 14 bilhões por ano e o de lixo (que envolve varrição, coleta e transporte), R$ 21 bilhões.
 
De olho na preocupação de empresas e governos com a destinação de resíduos, empresas tradicionais expandem seus negócios com a reciclagem e o lixo.
 
Empresas –  Com 45 anos de atuação no mercado, principalmente na produção de máquinas que trituram a madeira contaminada e papel, a catarinense Bruno Industrial ampliou o leque na última década ao produzir máquinas que fazem o mesmo com cartuchos de impressora, metais, garrafas de plástico e pneus.  "As máquinas reduzem o volume do lixo, que pode ser reaproveitado e transformado em combustível. É uma forma de reduzir o passivo das empresas", afirma o gerente comercial da Bruno Industrial, Anderson Kaiser.
 
Durante a feira, a empresa fez a demonstração do pré triturador móvel, que tem capacidade de produção de 50 toneladas por hora e tritura não só a madeira como os resíduos sólidos urbanos, ao custo de R$ 1,2 milhão. "Produzimos máquinas com capacidade de triturar 1 tonelada por hora e que custam R$ 100 mil. É um equipamento voltado para os setores de reciclagem e de manufatura reversa. Nossa linha de negócios voltados para reciclagem cresce 20% ao ano", diz Kaiser.
 
Já o proprietário da Casara Representações, Gilberto Omir Casara, que comercializa produtos de oito empresas, quatro delas de reciclagem, diz que a preocupação com os resíduos sólidos está crescendo. O setor de comércio e serviços, segundo ele,  tem consumido mais contêineres de lixo reciclável, que suportam até 400 kg, além de carrinhos e lixeiras próprios.
 
Outra linha que tem crescido é a de máquinas de prensar de papel, plástico e PET, que custam em torno de R$ 18,6 mil e tem capacidade de gerar 250 kg de fardos de papelão. "Antes só os sucateiros compravam para produzir os fardos e vendê-los para a reciclagem. Mas as indústrias usam para reduzir os seus resíduos e vendem o material, criando  nova fonte de receita", explica.
 
e-lixo – Os lixos eletrônicos, como catalisadores de automóveis e químicos, celulares e suas baterias, também geram oportunidades de negócios para a Umicore, multinacional belga com atuação no Brasil há mais de 50 anos, e que atualmente processa 350 mil toneladas anuais no mundo. O gerente de vendas da Umicore, Ricardo Rodrigues, revela que a unidade brasileira faz a captação e seleção dos materiais e os envia para o exterior, onde é feito o refino dos metais preciosos.
 
"São materiais tóxicos e é preciso know-how, já que é possível encontrar uma 'tabela periódica' dentro de uma placa de celular. Nosso trabalho é gerar materiais que são processados nas fábricas do Japão e Coreia do Sul para fabricar novas baterias. Recuperamos mais de 17 tipos de metais preciosos, entre eles ouro, prata, ródio, estanho, níquel e mercúrio. São metais usados depois na fabricação de joias", diz .  "Compramos de fornecedores que tenham no mínimo duas toneladas de produtos", afirma o gerente, sem revelar o valor pago pelo material.



Veículo: Diário do Comércio - SP


Veja também

Decisão com propriedade

E a briga sobre as sacolinhas nos supermercados continua em todo o estado de São Paulo, inclusive em Bauru. A C&a...

Veja mais
Novas sugestões para as sacolinhas no comércio de Belo Horizonte

Duas propostas devem ser acrescentadas às medidas do MP, que pede a volta da venda das embalagens biodegrad&aacut...

Veja mais
Distribuição de sacolinhas vai só até 15 de setembro

Os supermercados distribuirão sacolinhas plásticas gratuitas até 15 de setembro. Após essa d...

Veja mais
Preço e estímulo à coleta são bases para reciclagem

O preço é um dos fatores que explicam casos de sucesso e outros nem tanto na cadeia de reciclagem. É...

Veja mais
Embalagem ganha parâmetro verde com o 'ecodesign'

De um lado, o desperdício; de outro, a perspectiva de escassez de matérias-primas em um mundo que caminha ...

Veja mais
Comércio de Belo Horizonte mantém oferta de sacola plástica

Embora o comércio não possa mais, desde o início de agosto, repassar ao consumidor os custos com a ...

Veja mais
Frigoríficos brasileiros estudam criar 'nota' socioambiental para pecuaristas

Os frigoríficos querem dar notas aos pecuaristas pelas práticas socioambientais, em um modelo semelhante a...

Veja mais
Sacolinhas de graça são obrigatórias em S.Bernardo

As redes supermercadistas que têm unidades em São Bernardo estão obrigadas a entregar gratuitamente ...

Veja mais
Governo quer ajudar indústria de plástico a reduzir CO2

O governo iniciou negociações com a indústria de plásticos para criar um regime especial do ...

Veja mais