Grandes companhias garantem encomendas e apoiam projetos

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Empresas como Natura, Pãode Açúcar e Bradesco criam programas específicos para acompanhar ações de fornecedores e auxiliar na implantação de normas socioambientais



Grandes corporações inspiram as pequenas e médias a incorporar os conceitos de sustentabilidade em suas operações. Em alguns casos, o tripé da sustentabilidade já está entre as condições para a homologação de fornecedores de todos os portes. Porém, nem sempre a tarefa de manter-se alinhado a essas diretrizes garante remuneração diferenciada.

O diretor de Suprimentos da Natura, Rodrigo Brea, conta que, na prática, o fator financeiro ainda é preponderante nas negociações com os fornecedores, diante de um mercado cada vez mais competitivo. “A ideia é que o melhor desempenho sustentável determine a oportunidade de gerar mais negócios com a companhia”, afirma Brea. Nos últimos três anos, a Natura tem acompanhado mais de perto o desempenho socioambiental de um grupo de cerca de 80 empresas do seu universo de 3 mil fornecedores produtivos. Aspectos como emissão de carbono, consumo de água, emissão de resíduos, investimentos em educação, entre outras iniciativas, são avaliados trimestralmente.

Esse acompanhamento complementa todos os demais controles que a Natura realiza nos processos produtivos de seus fornecedores. Periodicamente, eles passam por auditorias, não só com foco nos aspectos ambientais. “Fazemos a gestão dos riscos de fornecimento nas áreas legal e trabalhista, além do cumprimento das exigências de órgãos reguladores.”

Hoje, cláusulas contratuais impedem de fornecer para a Natura empresas que não consigam comprovar que não mantêm trabalho infantil ou análogo à escravidão na sua cadeia de produção. “No futuro, até mesmo o monitoramento de acidentes de trabalho nos fornecedores pode ser um diferencial para quem estiver na lista de fornecedores da companhia”, adianta.

De acordo com o diretor de Perecíveis do Grupo Pão de Açúcar, Leonardo Miyao, sustentabilidade é um tema presente há algum tempo no Programa de Desenvolvimento de Fornecedores do grupo, sobretudo na área de Frutas, Legumes e Verduras (FLV). Porém, Miyao ressalta que o fornecedor que cumpre à risca todas as exigências de sustentabilidade não recebe mais por seu produto. “Nossa contrapartida é o volume”, afirma. Segundo ele, a quantidade de produtos da área não é nada desprezível. “Movimentamos diariamente 4 mil toneladas de produtos no Brasil inteiro.”

 “Temos 400 fornecedores ativos, dos quais 80% são produtores da cadeia primária”, afirma Miyao. Eles fazem parte do Programa Qualidade desde a Origem e obedecem a um rigoroso critério de qualidade, que inclui aspectos de sustentabilidade.

 “Buscamos informações quanto ao uso de água, de solo, descarte de resíduos etc.”, ressalta. Isso sem contar as questões contratuais no que se refere à formalização da empresa e qualidade da contratação de mão de obra, que não pode ter trabalho infantil ou escravo. Os fornecedores do grupo precisam ainda provar que obedecem ao Código Florestal, principalmente quanto à ocupação de áreas de preservação ambiental.

O Pão de Açúcar passou a acompanhar mais de perto a qualidade da produção de seus fornecedores de frutas, legumes e verduras no tocante à sustentabilidade nos últimos dois anos, por meio de visitas de agrônomos às áreas de produção. “O objetivo é que os produtores façam os ajustes para se adequar ao nosso Protocolo de Sustentabilidade”, avisa o diretor. Miyao diz que num levantamento preliminar, 60% dos fornecedores da área já estavam pré-qualificados. “Quem não estiver adequado, vai ter de se ajustar”, avisa.

O Bradesco, desde 2003, seleciona seus fornecedores com base numa ferramenta que considera informações cadastrais, comerciais, técnicas, econômico- financeiras e socioambientais. “E o peso da sustentabilidade nesse critério é de 15%”, informa a gerente do Departamento de Relações com o Mercado, Ivani Benazi de Andrade.

Entre as questões avaliadas pelo Bradesco estão a utilização de trabalho infantil, forçado ou escravo, gestão ambiental e saúde e segurança ocupacional. “O processo é complementado por visitas técnicas.” Segundo Ivani, desde o ano passado, um grupo de 20 fornecedores estratégicos, que representam 50% da carteira de compras do banco, está sendo engajado no Programa de Avaliação e Monitoramento Socioambiental de Fornecedores do banco.

O banco ainda tem procurado ajudar os seus fornecedores a incorporar a responsabilidade socioambiental ao seu dia a dia. “Desde 2006, realizamos o Encontro Bradesco de Fornecedores, cujo tema do último deles, em outubro, foi “Cadeia de Suprimentos mais Sustentável — Como conhecer, como atuar?” Para este ano, a gerente adianta que o banco pretende criar um espaço de capacitação on line para fornecedores de pequeno e médio portes e oferecer cartilhas para seus fornecedores estratégicos com orientações sobre educação socioambiental para multiplicar o aprendizado na cadeia de empresas subcontratados por esses fornecedores.



Veículo: Brasil Econômico


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