Taxa de expansão neste Natal é projetada pelas grandes redes
A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)de geladeiras, fogões e máquinas de lavar, associada à entrada dos consumidores de classe C na internet, deve fazer deste fim de ano o Natal do comércio eletrônico. Grandes redes varejistas que têm loja virtual chegam a prever crescimento de até 80% na vendas em dezembro na comparação com o mesmo período do ano passado.
A e-bit, consultoria especializada em comércio eletrônico, calcula um acréscimo de 30% na receita do varejo virtual entre 15 de novembro e a véspera do Natal. Isso deve somar R$ 1,630 bilhão no período.
O Extra.com., por exemplo, projeta crescimento de 50% na receita da loja virtual neste Natal em relação à mesma data de 2008. "Nossa expectativa é bem alta, teremos um Natal bem quente", afirma o vice-presidente do Grupo Pão de Açúcar, Caio Mattar.
Ele atribui boa parte desse crescimento aos novos consumidores da classe C que passaram a ter acesso à internet por intermédio de computadores mais simples.
Vicente Criscio, consultor de varejo virtual, lembra, citando dados da e-bit, que o ano deve fechar com 17 milhões de consumidores virtuais, dos quais 40% da classe C.
A outra parte desse crescimento de vendas previsto pelo o executivo decorre dos preços menores, em razão do corte do IPI dos eletrodomésticos da linha branca, e das facilidades de pagamento. Neste ano, exemplifica Mattar, o parcelamento da compras feitas no seu site pode chegar 18 vezes sem juros no cartão Extra. No Natal do ano passado, o prazo máximo chegava a 12 vezes.
"Nosso crescimento será expressivo: vamos multiplicar por cinco as vendas virtuais neste Natal em relação ao do ano passado", afirma o diretor comercial de e-commerce do Walmart, Fabio Bonfa. No ano passado, a loja virtual do maior varejista do mundo estava apenas a dois meses em funcionamento no Brasil, por isso o desempenho foi inexpressivo.
Mas , neste ano, o site do Walmart terá 17 categorias de produtos, seis a mais que no ano passado, o que deve, na opinião do executivo, dar forte impulso às vendas. "Pela primeira vez vamos vender pela internet utilidades domésticas, artigos para bebê, DVDs, livros, ferramentas e móveis", exemplifica Bonfa.
Ele espera uma concorrência mais acirrada nas vendas online neste fim de ano. Por isso, a companhia alugou um segundo centro de distribuição para conseguir atender à demanda prontamente.
Também o site do Extra reforçou a logística para este Natal e aumentou em 40% o quadro de pessoal para atender aos pedidos. "As entregas na capital paulista são feitas no mesmo dia da compra e para outras cidades, no dia seguinte", afirma Mattar.
O executivo lembra que, apesar de o Grupo Pão de Açúcar ter comprado o Ponto Frio, e agora as Casas Bahia, as operações do Extra.com e do Pontofrio. com ainda estão separadas.
Sem detalhar as projeções de vendas pela internet, as Casas Bahia informa que projetam crescimento de 20% tanto nas lojas físicas como pela internet. Desde fevereiro em funcionamento, a loja virtual da empresa já responde por 2% do faturamento. A cada mês a receita das vendas virtuais cresce 22% ante o mês anterior, informou a companhia, antes de ser adquirida pelo Grupo Pão de Açúcar.
O Magazine Luiza, que recentemente renovou o site, projeta crescimento de 80% nas vendas virtuais neste Natal na comparação com a mesma data de 2008.
Na análise do consultor Vicente Criscio, essa forte movimentação do concorrentes pode ter tirado neste ano dez pontos porcentuais do mercado da B2W, a maior companhia de comércio eletrônico da América Latina, que inclui a americanas.com, Submarino, Shoptime, entre outros. Procurada pelo Estado, a companhia informou que não comenta dados de desempenho nem faz previsões.
"Nunca teve tantos competidores na internet como neste Natal", afirma o consultor. Isso deve criar condições mais favoráveis de pagamento e impulsionar as vendas. Ele ainda ressalta que o corte de IPI da linha branca está sendo a "salvação da lavoura" de vendas online.
Nas contas do Programa de Administração do Varejo (Provar) e da Felisoni Associados, o varejo eletrônico deve representar só 1,7% das vendas das lojas físicas.
Veículo: O Estado de S.Paulo