Os fissurados no uso de telefone celular ganharão mais um argumento de peso, favorável ao aparelho, a partir de 2010. Além de já funcionar como importante instrumento de comunicação e lazer, com câmeras fotográficas de última geração, MP3 e MP4 embutidos, em breve o celular poderá ser usado, em larga escala, como meio de pagamento.
A MasterCard anunciou no início deste mês que o Brasil foi escolhido para ser o primeiro país no mundo a ter uma plataforma desenvolvida pela empresa que permitirá a realização de operações financeiras por meio do celular. "Será como se o usuário carregasse o seu banco no aparelho", compara o diretor de Pagamentos da Plataforma de Mobile da MasterCard, Ricardo Pareja.
A novidade chega às ruas no início de 2010 para clientes do Itaú Unibanco, em conjunto com a Redecard e a Vivo.
Por meio da plataforma, os usuários de celular poderão fazer diferentes tipos de transações, como transferência de valores entre correntistas, pagamentos de contas, recarga de telefones pré-pagos e compras em diversos tipos de estabelecimento. Nesta primeira fase no Brasil, o projeto envolverá apenas cartões de débito MasterCard Maestro emitidos pelo banco Itaú e possibilitará alguns serviços.
Como funciona
O próprio usuário será responsável por iniciar todas as operações financeiras de seu celular e não o lojista, como ocorre com os cartões convencionais, sejam eles de débito ou crédito. "O usuário irá digitar a mesma senha que utiliza em seu cartão de crédito ou débito no menu de seu celular. Apesar das diferenças, no final será como se a compra tivesse sido feita com o plástico convencional", afirma Pareja.
O executivo explica também que o telefone celular não deverá substituir os cartões no longo prazo e sim permitir que esse tipo de pagamento seja levado a locais a que hoje muitas vezes os plásticos ainda não chegam, casos de táxis, feiras livres, vendas porta-a-porta, delivery e barraquinhas de praia, entre outros.
Bancarização
Além disso, esse tipo de plataforma desenvolvida pela MasterCard poderá se transformar em um importante instrumento de bancarização a curto prazo. "Os consumidores não-bancarizados poderão ter acesso a transações como transferência de valores, para outro celular, sem a necessidade de ter uma conta corrente no banco", diz Pareja.
De acordo com o Grupo Consultivo para Assistência aos Pobres (CGAP), um centro independente de pesquisa e política sediado no Banco Mundial, e a Associação GSMA, atualmente cerca de 4 bilhões de pessoas no mundo possuem um celular. O número de pessoas que hoje têm contas bancárias é bem menor: cerca de 1 bilhão, com previsão de crescimento para 1,7 bilhão até 2012, conforme informações da Pesquisa do Porte de Mercado para Dinheiro Móvel, CGAP -GSMA, divulgada em junho passado.
Sistema em teste
A bandeira Visa já mantém um projeto-piloto, desde o último mês de agosto, em parceria com Cielo (antiga Visanet), o Banco do Brasil, o Bradesco e a Nokia, em que é possível usar o telefone celular como meio de pagamento.
A tecnologia que está sendo testada pela empresa é a de aproximação do aparelho a um leitor na loja, que reconhece o pagamento, mediante mensagem do usuário ou digitação de senha. "Essa é a primeira plataforma baseada em NFC (Near Field Communication) da América do Sul", diz o diretor-executivo de produtos da Visa do Brasil, Percival Jatobá.
A empresa também faz testes, desde o mês de setembro, com o Visa Mobile Pay, que permite aos clientes do Banco do Brasil a realização de compras com cartão de crédito ou débito da bandeira Visa, de qualquer operadora de celular do País, utilizando para isso apenas o celular.
A solução, no entanto, por enquanto só pode ser usada para compras com valor de até R$ 100, em lojas de entrega a domicílio ou de venda direta. Para utilizar esse meio de pagamento, o portador do cartão deve se cadastrar uma única vez no portal do Banco do Brasil na internet.
Depois disso, ao fazer o seu pedido de compra (por telefone fixo, celular ou pessoalmente) no estabelecimento comercial afiliado ao serviço Visa Mobile Pay, o cliente deve solicitar que o pagamento seja por celular. Só que, diferentemente do que ocorre em outras transações feitas pelo telefone, o portador deverá informar apenas o número do celular e o nome do banco emissor. Assim que a transação é processada pela Visa e também pelo banco, o portador recebe uma mensagem de texto no celular (SMS), que deverá ser respondida, com a confirmação do valor da compra.
"Esse é apenas o primeiro passo. Enxergamos o celular como um verdadeiro banco, em que será possível colocar não só os cartões de crédito e débito, mas também permitir transferências em dinheiro, acesso a extratos e uma série de outros serviços", diz Jatobá.
Internet
A Oi também já possui uma plataforma de pagamento via celular em funcionamento em oito estados brasileiros. Em São Paulo, apesar de a tecnologia ainda não ter sido lançada, os clientes da operadora podem utilizar essa ferramenta para pagamentos na internet, em lojas como Americanas, Polishop, Comprafácil, Gol e ManiaVirtual. Hoje são cerca de 200 mil usuários cadastrados no Oi Paggo em todo o Brasil e um total de 72 mil lojistas credenciados s para aceitar esse tipo de pagamento.
Entre as facilidades oferecidas pelo produto, a empresa destaca a necessidade de o cliente digitar uma senha pessoal, a partir de seu próprio telefone móvel, para concretizar a transação de pagamento.
"O Oi Paggo impede um dos maiores problemas dos cartões tradicionais em compras remotas, que é o não reconhecimento das compras por parte dos clientes", destaca a empresa, em nota oficial.
Veículo: Diário do Comércio - SP