Cartões: Empresa espera concluir até amanhã auditoria sobre pane em sua rede no dia 24
Justamente quando começava a corrida pela concorrência no setor de credenciamento de lojas para uso de cartões de crédito e débito, a Redecard, controlada pelo Itaú, queimou a largada. A pane que tirou a rede da empresa do ar durante quase cinco horas no dia 24 de dezembro fez mal à sua imagem e enfureceu os lojistas, ou seja, os clientes pelos quais a empresa terá que brigar a partir de 2010, quando o segmento de credenciamento de lojas e processamento de transações estará sujeito à competição, com o fim da exclusividade de bandeiras. Com a pane, a Redecard estima ter deixado de processar 2,8 milhões de transações, sendo 1,2 milhão com cartões de débito e 1,6 milhão no crédito. Fechou o dia 24 com um saldo de 11,2 milhões de transações feitas. A Cielo, antiga VisaNet, controlada pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil, comemora.
"Não à toa a rede concorrente bateu recorde atrás de recorde", admitiu Roberto Medeiros, presidente da Redecard, que ontem tentava antecipar seu regresso ao Brasil, interrompendo passeio com a família em Nova York. Às 16 horas (de Brasília), Medeiros estava embarcado em um voo para Miami, de onde tentaria outro para São Paulo. "Estou tentando voltar para estar junto da equipe, mas os voos estão lotados", disse, antes que a comissária de bordo pedisse que desligasse o celular.
Medeiros espera ter em mãos hoje ou amanhã o resultado da apuração da causa da pane, conduzida por auditoria independente. Segundo ele, o problema foi na rede de transmissão de dados, que ficou saturada e falhou em transmitir as informações. "Por volta das 12 horas do dia 24 começamos a identificar problemas na rede de dados. Até aquele momento, vínhamos batendo recorde atrás de recorde, minuto a minuto", disse. Segundo Medeiros, os sistemas de contingência, espécie de rotas alternativas, também não funcionaram como deveriam. Ele não acredita que a falha tenha sido interna. A rede de dados é terceirizada, operada por empresas de telefonia, como Embratel, Telefônica e Oi. "Estamos fazendo uma auditoria completa e vendo se foi ou não um problema com as operadoras."
As mais afetadas foram as maquininhas que ficam nas lojas, os chamados POS, que representam metade do volume de negócios da Redecard. Cerca de 80% dos POS tiveram falhas entre meio-dia e 16h40. Os chamados PDVs, terminais acoplados aos caixas de supermercados, farmácias e grandes redes de varejo, que respondem pela outra metade das vendas, tiveram o problema resolvido mais rapidamente, segundo Medeiros.
Veículo: Valor Econômico