A cultura do chamado e-commerce ainda engatinha no Brasil. Apesar de 66% das empresas do País manterem uma página eletrônica ativa na rede, são poucos os que exploram a internet para vendas. Um estudo da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) revelou que, do total de empresários que afirmaram ter site do negócio, 36% não implementaram o recurso para comercializar seus produtos. Quase metade dos consultados na pesquisa 46% entendem que não há a necessidade de usar a ferramenta. Outros 13% disseram que não trabalhavam com o canal de vendas por falta de conhecimento do assunto.
Trabalhar com o serviço de e-commerce, de fato, não é uma tarefa simples. O processo inicial requer planejamento detalhado de estrutura e necessidades da empresa. Além disso, a ferramenta demanda um sistema de logística complexo, que garanta a eficiência das entregas. Outro fator primordial é a segurança para que os dados de usuários possam ser fornecidos, e os pagamentos, realizados sem qualquer empecilho. Por outro lado, o comércio eletrônico proporciona mais uma oportunidade para a empresa lucrar. Esse recurso é um novo ponto de vendas que, muitas vezes, transforma-se no mais rentável da marca.
Um dado curioso que chama a atenção no estudo divulgado pela ACSP aponta que 76% das grandes empresas, teoricamente mais bem estruturadas, não têm o serviço de e-commerce para vender seus produtos e não utilizam a ferramenta para comprar de fornecedores. Enquanto isso, as pequenas empresas despontam como empreendedoras virtuais. São elas as que mais usam o recurso, com 46% do total. Em seguida, no ranking das empresas que são adeptas do e-commerce, estão as médias, com 38%, e as micros, com 34%.
"Interessante quando analisamos que micros, pequenas e médias empresas possuem um percentual acima das grandes empresas na realização de compras ou vendas online. Isso demonstra que esses empresários estão mais atentos às novas ferramentas e às oportunidades de expansão de seus empreendimentos", pontua a especialista em estratégias digitais da ACSP, Sandra Turchi.
PLANEJAMENTO. Fausto Freire é consultor em e-commerce e explica que o principal entrave para a implementação das vendas online é a logística. De acordo com ele, é necessária uma análise detalhada de como todo o processo funcionaria para cada produto. Alguns dos itens vendidos podem ser enviados pelo correio, o que facilita para a empresa. No entanto, outros dependem de armazenamento especial e precisam de transportes específicos para serem entregues. "Com a evolução da web, o e-commerce ganhou força. Um bom e-commerce deve oferecer uma vitrine para a avaliação dos produtos, uma ferramenta para que os clientes possam tirar dúvidas, uma logística bem organizada capaz de manter o bom funcionamento da loja virtual e a boa segurança, para deixar o consumidor tranquilo na hora de realizar o pagamento", afirma Freire.
Quem apostou no e-commerce não se arrependeu. O sucesso é latente no Brasil. Um exemplo disso é que foram batidos recordes de vendas no Natal de 2009. O segmento foi responsável por movimentar, entre 15 de novembro de 24 de dezembro, R$ 1,6 bilhão. A quantia é 28% maior que o obtido em 2008, na mesma época (R$ 1,2 bilhão). Desta vez, a grande vedete ficou por conta dos livros. Os eletrodomésticos também tiveram boa saída, principalmente por causa da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Veículo: Jornal do Commercio - RJ