Projeto conta com o apoio da Sony e da Intel; desafio é conquistar os consumidores e aumentar as empresas parceiras
Nova tecnologia poderá ser utilizada em diversos televisores de alta definição ou por meio de aparelhos para transmitir o sistema
O Google quer levar a internet a uma parte dos lares que ela ainda não atingiu: a TV.A ambição da empresa olha para um público espectador composto por 4 bilhões de pessoas, o que faz desse mercado o maior do mundo, com publicidade equivalente a US$ 70 bilhões anuais.
Na conferência anual do Google realizada ontem, o gigante das buscas anunciou que está liderando um grupo de empresas, entre as quais Sony e Intel, em um projeto chamado Google TV.
O software Android do Google, inicialmente desenvolvido para celulares inteligentes, acionará o novo serviço.
A tecnologia poderá ser utilizada em diversos televisores de alta definição. Mas, para quem não deseja trocar de aparelho de televisão, a Logitech, fabricante de periféricos para computadores como teclados e webcans, irá fabricar um decodificador que permitirá às pessoas usar o sistema.
O Google informou que o serviço Google TV combinaria programação tradicional de televisão com vídeos de internet e permitiria que as pessoas procurassem programas facilmente, sem ter de ficar percorrendo as listas de programação dos televisores.
Significa dizer que o sistema leva comandos da internet à programação televisiva. Se o usuário faz uma busca pelo seu seriado favorito, vai encontrar resultados tanto da televisão como da internet.
Desafios
O esforço, provavelmente, terá de enfrentar obstáculos. O Google precisa convencer outros fabricantes além da Sony (uma empresa em crise) a usar seu software. E fazer com que os consumidores se interessem em uma TV com conexão web.
De acordo com analistas, ainda que as companhias envolvidas não tenham discutido preços, os chips de alta potência que acionarão esses novos serviços devem elevar o preço dos televisores em até US$ 100.
A Intel será a companhia que fornecerá os processadores. A empresa investiu bilhões de dólares no desenvolvimento desses chips nos últimos anos, em um esforço arriscado para penetrar no mercado de bens de consumo eletrônicos.
Howard Stringer, presidente-executivo da Sony, subiu ao palco para declarar que incluiria o software do Google em seus televisores e em seus aparelhos de Blu-ray.
O executivo estava acompanhado dos presidentes da Best Buy, Adobe, Intel, Dish Networks e Logitech, empresas que apoiam o novo software.
Eric Schmidt, presidente-executivo do Google, ressaltou que as pessoas vinham falando em levar a internet para a TV há duas décadas.
"É muito mais difícil combinar uma tecnologia com 50 anos de idade e uma tecnologia novíssima do que muitos de nós, oriundos da nova tecnologia, imaginávamos", declarou.
Os aparelhos equipados com o Google TV também poderão executar aplicativos criados para os celulares Android e contarão com o navegador Google Chrome, que permitiria aos usuários navegar pela web em seus televisores.
É claro que muitas empresas já tentaram reduzir a distância entre televisor e web. TiVo, Boxee, Roku e Vudu produzem aparelhos que oferecem diversos vídeos de internet em televisores. Mas todas elas enfrentaram dificuldades para conquistar a adesão dos consumidores convencionais.
A Roku vendeu mais de 500 mil aparelhos, mas suas vendas só decolaram quando o preço caiu abaixo de US$ 100, segundo Anthony Wood, presidente-executivo do grupo.
Aposta no Android
Os fabricantes de televisores já vendem TVs que permitem acesso limitado a conteúdo da internet. É provável que esses televisores respondam por um quarto das vendas de TVs neste ano, especulam os analistas.
O problema é que os consumidores nem mesmo sabem que estão adquirindo esses recursos, e usualmente tomam suas decisões de compra baseados no tamanho e na aparência do aparelho.
Uma vantagem que o Google afirma ter ao cortejar fabricantes de televisores é o sucesso de sua plataforma Android para celulares. Empresas como a LG e a Sony já vendem celulares equipados com o software. Segundo o Google, 100 mil novos celulares equipados com o Android são habilitados a cada dia. Vic Gundotra, vice-presidente de engenharia do Google, disse acreditar que a inovação não pode vir de uma pessoa só, mas de todos.
Veículo: Folha de S.Paulo